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    Profissão Set Designer: Greta Cuneo

    A set designer italiana, baseada no Brasil, é a última profissional da serie sobre a profissão

    cenário para a vogue brasil especial gisele bündchen. foto: zee nunes

    Profissão Set Designer: Greta Cuneo

    A set designer italiana, baseada no Brasil, é a última profissional da serie sobre a profissão

    POR Vinicius Alencar
    Still life para Alexandre Herchcovitch (Foto: Divulgação)

    Still life para collab de Alexandre Herchcovitch x C&A (Foto: Divulgação)

    Greta Cuneo é italiana, característica que você percebe com clareza e naturalidade, mesmo sem conhecê-la pessoalmente. Nascida em Lavagna, uma pequena província de Gênova com cerca de 12 mil habitantes, a cenógrafa escolheu São Paulo como sua nova residência em 2012 desde então. É interessante ver sua história, mais interessante ainda é ver como ela enxerga o Brasil, como se inspira e insere isso em seu trabalho que já apareceu nas edições da Vogue Brasil, Vogue Jóias Itália, inúmeras publicações independentes; em campanhas para Schutz e Arezzo, além de eventos – o cenário de parque de diversões do desfile da coleção da Versace x Riachuelo, em 2016, foi assinado por ela.

    Adiantamos que algumas expressões em italiano e inglês foram mantidas, como forma de aproximar a entrevistada e o leitor. Greta encerra a série de matérias que fizemos sobre a profissão de set designer no Brasil e sua recente expansão.

    Para começar, poderia falar um pouco da sua formação?
    Me formei na Academia di Belle Arti di Roma, em cenografia. Minha formação foi principalmente em cenografia teatral.

    Após essa graduação em Roma, tive a grande oportunidade de participar de um curso muito especial, chamado “Scenografi i Costume Teatrale” em Gênova, em uma escola dirigida pelo Emanuele Luzzati, grande artista e cenógrafo italiano.

    Éramos um grupo pequeno de selecionados, apenas 12 alunos que tiveram a oportunidade de estudar e praticar no Teatro della Tosse, em Gênova, com todos os profissionais do setor. Foi uma experiência inesquecível, que ainda hoje lembro como a mais importante da minha formação.

    Estudamos e praticamos a arte de fazer teatro ao lado de todos os chefes de departamento de teatro: figurinistas, pintores de palco, escultores, criadores de adereços. Foi uma temporada de aprendizado intenso, onde percebi o quanto gostava desse lado físico da produção de arte… Adorava ter as mãos na massa!

    Greta Cuneo (Foto: Gil Inoue)

    Greta Cuneo. Foto: Gil Inoue

    Sempre teve essa paixão pela moda e pela fotografia de moda? Como foram seus primeiros trabalhos?


    Todos os meses, colecionava ‘apaixonadamente’, a Vogue Itália, na época de Franca Sozzani e Steven Meisel. Cada edição oferecia pelo menos 30 páginas de pura beleza, onde a cenário e a direção de arte entravam de forma tão poderosa… eu via e pensava que queria muito fazer aquilo! Mas apesar de ser Italiana, uma das maiores pátrias da moda no mundo, foi em Londres que comecei a minha carreira como set designer nas fotos de moda. Na cidade, eu frequentava o Motley Theatre & Set Design School, aonde alem da parte técnica, aprendi muito sobre o processo criativo.

    Lembro que cheguei em Londres na temporada da “Sensation”, no Royal College, e conheci os grupos de artistas mais impactantes da arte contemporânea. Além do teatro, comecei a trabalhar em produção de moda e, assim, fui colaborando com os fotógrafos. Meu background teatral sempre foi um atrativo para os fotógrafos emergentes com quem colaborava. Eles gostavam das minhas capacidades artísticas de construção e produção de cenário, mas também da forma que eu realizava o processo criativo em si.

    E Greta, voltando a essa familiaridade de ter começado no teatro e ido para a moda, como você enxerga isso? Essa expansão da cenografia na moda. Percebo que isso ainda está bem no começo no Brasil… Impressão minha ou você concorda?

    O set design sempre foi um diferencial nas matérias, nos editoriais de moda. Em todas as fotos mais celebradas de moda dos grandes fotógrafos, o cenário, os props, a direção de arte, são sempre partes poderosas para qualquer foto.
    Tanto na Grã Bretanha, quanto nos Estados Unidos, o set designer é considerado um artista profissional e tem a mesma relevância do stylist, na hierarquia da equipe do shooting.

    Se pensarmos, muitos fotógrafos elegeram cenógrafos preferidos e resultou em extensas parcerias, como: Steven Meisel com Mary Howard, Stefan Beckman e Pier Hanmer. Tim Walker com Shona Heat, Simos Costin e Andy Hilman.

    Tem também uma área que eu amo muito no set design, que é a especializada em still life: as super talentosas Ana Burns e Rachel Thomas com o grande fotógrafo Dan Tobin Smith, criaram instalações de objetos mais incríveis que já vi.
    Aqui, em Sao Paulo, é um fenômeno em expansão, mas ainda são poucos os clientes que entendem o valor e o diferencial de ter um set designer na equipe, assim como nem todos estão dispostos a fazer esse tipo de investimento.

    “Tanto na Grã Bretanha quanto nos Estados Unidos, o set designer é considerado um artista profissional e tem a mesma relevância do stylist, na hierarquia da equipe do shooting.”

    Sim, penso da mesma forma! E Greta, voltando ao seu processo criativo, quais elementos te inspiram com frequência e como funciona seu trabalho?

    Tudo serve, nada é descartável no processo criativo. Arquitetura, arte, design, fotografia, teatro, cinema… temos acesso a bancos de imagens infinitas!
    O que é interessante aprender é como selecionar um caminho para seguir, se jogar completamente naquela ideia e, ao mesmo tempo, estar pronto a deixar tudo para lá e perseguir outros, do zero. Nunca se apegue às ideias! Parte fundamental do meu processo criativo á quando saio na rua: tudo se prende à sua própria forma.

    Como assim?

    Uma cor, um objeto, uma conversa com um atendente de loja, um artesão… tudo pode levar a soluções inesperadas, e reforçar o processo criativo. No momento que você recebe o briefing de um projeto, tudo que acontece no seu dia vira estímulo e inspiração para aquela ideia.
    E, quando parece que não tem uma ideia, eu sempre volto à pergunta inicial, ao tema, ao texto, à cor, à palavra, procuro entender e a estabelecer novas conexões, entre uma imagem e outra. Importante montar um próprio moodboard de imagens, para visualizar melhor e enxergar essas conexões.

    O trabalho com papel é uma das marcas registradas de Greta (Foto: Divulgação)

    O trabalho com papel é uma das marcas registradas de Greta. Foto: Adriano Damas

    E, na sua opinião, o que alguém que quer começar na área deve ter em mente?
    É um uma profissão apaixonante, mas muito física e cansativa. Tudo é sempre “very last minute”, não tem horário e não tem feriado… Por isso agilidade física e mental importam muito nessa profissão. Praticar, fazendo. Não ter medo de se jogar e aprender se jogando!

    O set designer  tem que ser um especialista em um pouco de tudo: desenhar, pintar, construir, costurar, pesquisar na rua, saber de luz, fotografar , montar orçamentos, selecionar equipe… Tudo isso e muito mais! Todos esses detalhes sempre farão parte de la mise en scène, independente do projeto.
    Cada projeto apresenta novos limites, esse é o lado bello! Importante ter elasticidade mental e praticar a arte das mãos na massa.
    Eu comecei em Londres, assistindo vários set designers. Ainda acredito que começar ao lado de um profissional, seja a forma melhor de apprendistato.

    “O set designer  tem que ser um especialista em um pouco de tudo: desenhar, pintar, construir, costurar, pesquisar na rua, saber de luz, fotografar, montar orçamentos, selecionar equipe.”

    Noto que muitos diretores de arte também atuam como set designers, mas que isso vem se distanciando, com cada um se especializando. Concorda? Ou não, acredita que isso aconteça pelo mercado ser ainda bem limitado…

    Acredito que sejam dois trabalhos bem distintos, o cenógrafo pensa na criação e produção da cenografia e dos objetos. O diretor de arte pensa no projeto como um todo: fotos, cenários, styling, luz, modelos. Mas, isso não significa que um não possa atuar no lugar do outro.

    Depende do tipo de trabalho: se for comercial, todos os papéis estão bem definidos. É evidente que um bom relacionamento entre cenógrafo e diretor de arte pode gerar excelentes resultados, assim como em muitas tensões e nervosismo. Quando se trata de projetos editoriais há mais liberdade na escolha dos temas e das pautas fazendo com que as vezes, os papéis se alternem.

    Quais trabalhos no Brasil guarda com carinho?

    Um dos primeiros editoriais de moda que fiz como diretora de arte foi para o FFW junto com o fotógrafo Adriano Damas, nesse específico, não tem cenografia. Em nossas incursões noturnas no Ceasa, em São Paulo, fiquei muito inspirada na quantidade de flores e plantas tropicais incríveis, então resolvi montar arranjos de flores nos corpos dos modelos. Saiu um editorial lindo, que ainda amo muito!

    Obrigado, Greta!

    Composições com flores feitas para editorial do FFW (Foto: Divulgação)

    Composições com flores feitas para editorial do FFW. Foto: Adriano Damas

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