O fotógrafo Hick Duarte abre neste sábado (28.09) uma nova exposição. Limbo tem curadoria de Mauricio Ianes e fica em cartaz no prédio da Thinkers, em São Paulo, até 13 de outubro (veja o serviço abaixo).
A mostra reúne trabalhos em foto, vídeo, impresso e instalação em torno do que Hick enxerga como “um atual estado de exaustão/suspensão da juventude”. Assim, ele divide o projeto em três temas centrais, Tensão, Escapismo e Cura, tentando revelar de uma maneira mais palpável as sensações e emoções que pulsam no sangue do jovem hoje. “Há um limbo entre a ação e a reação, um intervalo entre choque e mudança e esse momento tem a ver com escapismo, no sentido de ser uma ferramenta de transição e distanciamento, um refúgio interno, coletivo, de afeto”, explica o fotógrafo em um papo por telefone.
As obras mostram momentos ou fragmentos do cotidiano desses jovens que, caracteristicamente, ainda enfrentam outros dilemas além dos atuais conflitos políticos que tomam o país (e o planeta): questões internas sobre identidade e sexualidade, somadas a busca por oportunidades profissionais e independência financeira.”Sinto que atualmente a juventude está um pouco histérica frente a sobrecarga de informação diária, que é comunicada de uma forma incompleta, rápida e imparcial”, diz. “Se você pegar o scroll do Instagram, você vê o assassinato de uma criança, a queima da Amazônia e daí aparece uma amiga sua em uma festa. As coisas perdem um pouco a importância nessa dinâmica da internet em que tudo chega misturado e processado”.
Hick fala do jovem com propriedade e sensibilidade. Ele próprio com apenas 28 anos, usa a juventude regularmente como principal tema de seu trabalho autoral e com ela vai sentindo as ondas que a aflige ou contenta. Como escreve Mauricio Ianes em seu texto de apresentação, “medir o pulso dessa juventude, sobretudo neste momento preparatório de tensão, é uma qualidade rara para um fotógrafo. Deve-se pra isso viver este mesmo momento ou ter um olhar e uma sensibilidades desenvolvidas o suficiente para se ouvir o coração coletivo batendo no fundo dos olhares muitas vezes desolados. Hick consegue os dois”.
Ianes ainda fala sobre um “momento de retiro e isolamento momentâneo, transitório, este silêncio que precede o mais forte dos gritos. O grito de uma juventude descontente, consciente de seu poder, da sua pulsação revolucionária, prestes a transformar o mundo, mas que faz uma pausa para se olhar”. E chama atenção quando cita a preparação de uma tempestade, “esta coletiva, ritual de grupo, geração de comunidades temporárias mas efetivas na criação de novos mundos possíveis”.
Observar o jovem a partir dessa perspectiva, de um corajoso agente de transformação, é por si só, uma experiência rica. O trabalho de Hick, mais uma vez, consegue captar essa energia, essa vibração interna e senso de coletividade que emana de suas fotos.
Limbo
Thinkers: Rua Araújo, 154 (piso SE)
Abertura: 28.09, a partir das 17h
Até dia 13.10