Andrea Vieira Baptista, da Pat Pat’s ©Felipe Abe/FFW
Andrea Viera Baptista, filha de Patrícia Viera, estreou com sua marca, a Pat Pat’s, nesta quinta-feira (31.10) no calendário oficial do SPFW. Com a presença da prima Alice Dellal, que veio ao Brasil para a inauguração da mostra “The Little Black Jacket”, da Chanel, ela mostrou uma coleção coesa e com peças confeccionadas, sobretudo, em couro e renda.
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No backstage, pouco antes do início do desfile, conversamos com Andrea, que compartilhou detalhes da criação da Pat Pat’s e falou sobre sua infância, passada na fábrica da mãe, e sobre seus planos para a marca. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Como surgiu a Pat Pat’s? A marca começou com você e sua mãe, Patrícia Vieira, na direção criativa?
Não, começou há quatro anos comigo e com meu irmão. Nós nascemos praticamente na fábrica da minha mãe, com 20 dias de vida eu já estava lá, e meu irmão, 10 anos mais velho, tinha esse mesmo convívio, era meio que a nossa brincadeira de criança, a gente ia para a fábrica para não ficar em casa.
Quando fiz 18 anos, fui ser vendedora da Maria Bonita Extra no Natal porque a [estilista] Andrea Marques era casada com o meu tio, irmão da minha mãe, esse foi o meu primeiro contato profissional com a moda. Antes, era só o meu playground, eu via minha mãe desenhando em casa no fim de semana; a moda, para mim, não era um trabalho, era algo natural, mas que achei que não queria trabalhar e, por isso, decidi fazer Odontologia.
No final das aulas da faculdade, que acabavam às 13h, eu ia para a fábrica ficar com a minha mãe, e fui ficando, ficando e ficando; nessa época, ela desfilava no SPFW e os desfiles tinham a edição do Paulo Martinez, aquele homem incrível; vê-lo era uma aula. Aí, um dia, falei para ele: “Paulo, por que você não coloca isso aqui em vermelho?”. Quando olho na passarela, está lá o look em vermelho, daí comecei a achar que esse poderia ser o meu lugar.
Gosto muito de criação, minha mãe e eu nos completamos muito, mas eu não sou só da criação, tenho uma veia comercial muito forte, assim como meu irmão. Foi muito engraçado, inclusive, que ele e eu sentimos a necessidade de ter nosso próprio espaço no mesmo momento, não queríamos ser apenas os filhos da Patrícia; ele foi trabalhar em outras marcas na área comercial e eu fui para Madri, onde meu pai trabalhava. Fui passar um ano morando com ele, cheguei lá e descobri o fantástico mundo da Zara, que tem um departamento comercial incrível, e fiz mestrado em Fashion Business e me apaixonei por números, por planejamento e vendas.
Voltei para o Brasil com a vontade de ter uma marca que fosse usada pelas minhas amigas e que a musa não fosse mais a Andrea [Dellal], mas a filha dela, a Alice. A Pat Pat’s nasceu assim, muito planejada e comercial. Um ano atrás, me mudei para São Paulo e senti a necessidade de ter uma linha só minha, que chamei de Black.
Depois de fundada, qual estratégia de divulgação inicial da marca? Como é feita a produção das peças da Pat Pat’s?
Primeiro, fizemos um showroom grande. A marca foi super bem aceita porque era dos filhos da Patrícia para as clientes da Patrícia. É engraçado que, até hoje em dia, as clientes dela compram, por exemplo, as saias da minha mãe e uma blusa da Pat Pat’s. Fizemos seis temporadas no atacado, em que aprendemos bastante, mas esta é a primeira com a linha Black e após eu ter me mudado para São Paulo.
A produção é toda terceirizada. Já couro, sou cliente da fábrica da minha mãe, o que funciona super bem.
Looks do desfile de Outono/Inverno 2014 da Pat Pat’s; Alice Dellal veste o último look ©Agência Fotosite
Como surgiu o convite para integrar o calendário do SPFW? Quais as referências por trás da coleção?
Entramos no calendário do SPFW porque já tínhamos a coleção pronta e a Alice Ferraz nos convidou para fazer um desfile pequeno no QG do F*Hits, depois a “Vogue” brasileira virou parceria do evento e a Daniela [Falcão, editora-chefe da revista] nos convidou para integrar o line-up. A coleção é muito inspirada nas minhas primas, a Harley Vieira-Newton, a Alice e a Charlotte Dellal, além do DNA de todas nós, juntas.
Onde a Pat Pat’s pode ser comprada?
Temos 90 pontos de vendas no atacado. Estava com planos de abrir uma loja própria em 2013, mas aí, com o desfile, achei melhor apresentar a marca e, em 2014, inaugurar a loja, primeiro aqui em São Paulo, depois Brasil adentro.