A mais recente edição da “Vogue” norteamericana surpreendeu muita gente – e de maneira positiva. Já havia rumores de que a capa seria de uma modelo (uma novidade para a revista habituada com as celebridades), mas ninguém acertou que seria ela, Gisele Bündchen, lindíssima, mais jovem do que nunca e com cabelos escurecidos que relembram o início da sua carreira, num mood total anos 1990.
A nova tonalidade não é uma opção: perceba que nas pontas prevalece o dourado de La Bündchen, mas, por recomendação médica, mulheres grávidas ou lactantes devem passar longe das tinturas capilares.
Gisele na capa da “Vogue US” de abril de 2010 © Patrick Demarchelier/Vogue US
Abril é o mês do tradicional “Shape Issue” (algo como a “edição da forma física”), e desta vez a editora-chefe Anna Wintour reforça sua importância à luz do debate sobre o peso das modelos e os esforços da indústria para transformar o tamanho 38 como padrão – atualmente é 34 –, citando inclusive o encontro que teve em fevereiro com membros do CFDA e convidados, entre eles o empresário brasileiro Paulo Borges, organizador do SPFW e do Fashion Rio.
Para dar mais profundidade ao tema, duas modelos falam sobre suas lutas com a balança e com profissionais do ramo: a top Kim Noorda, que sofreu com distúrbios alimentares, e a top plus-size Kate Dillon, que sofreu com o preconceito nos anos 1990.
Em seu segundo trabalho pós-Benjamin – o primeiro foi a campanha de Inverno 2010 da Colcci –, Gisele abriu as portas de sua mansão na Costa Rica ao fotógrafo Patrick Demarchelier e as do seu apartamento em Boston para a jornalista Joan Juliet Buck.
Sobre a volta ao trabalho, ela disse: “Cheguei ao estúdio e me senti como um extraterrestre. Cabelo e maquiagem? Não me olhava no espelho há um mês e meio. Estava em casa em um casulo com meus filhos [ela conta John, o primeiro filho de Tom Brady], meu marido, meus cachorros.”
Gisele grávida de 7 meses e carregando o pequeno Benjamin Rein © Patrick Demarchelier/Vogue US
Mas uma das características que a tornou famosa apareceu: “O cliente ainda merece respeito e profissionalismo, mas fiquei um pouco preocupada porque não estava sentindo [a personagem]. Olhei no espelho e ainda não estava vendo a pessoa que é uma modelo.” A confiança voltou, ela garante, a partir do segundo clique.
Além de falar sobre a vida como mãe, Gisele revelou detalhes sobre sua nova linha de cosméticos, filantropia, autoajuda e meio ambiente, uma causa pela qual é apaixonada – não é por acaso que ela foi nomeada pela ONU como embaixadora da Boa Vontade para assuntos ambientais.
Os produtos de beleza da Sejaa seguem a mesma linha ecologicamente responsável: são feitos de produtos naturais e conservados por óleo de côco, as embalagens são feitas de papelão reciclado e até a toalhinha, que vem com a máscara de lama, é feita de fibras de bambu.
Parte das vendas (que serão feitas apenas online) irá para projetos que ajudam jovens garotas a criar autoestima. “Eu consigo fazer tudo isso porque estou financiando em meus próprios termos e, se quiser dar 5% de tudo que faço, ninguém pode falar que não posso”, disse.
Em sua carta da editora, Wintour diz que Gisele – “um lembrete fantástico que esportes e curvas estão sempre na moda, e de que as melhores modelos são símbolos de saúde e amor à vida” – está transformando a definição de supermodelo. Para o Brasil se orgulhar!