Por Raisa Carlos de Andrade, em colaboração para o FFW
Valerio Nappi, do Nowfashion, no Fashion Rio Verão 2015 ©Mary Cruz
Idealizador e diretor do Nowfashion.com, Valerio Nappi viaja o mundo divulgando desfiles em tempo real. Em sua quarta cobertura no Brasil, o italiano admite que ainda se impressiona com o caráter criativo encontrado aqui. A cada temporada, o número crescente de visualizações relacionadas ao SPFW e Fashion Rio em seu site aproxima o nosso país das mais importantes capitais da moda. “Em termos de sucesso no veículo, São Paulo e Rio vêm logo após Paris, Milão, Nova York e Londres. O Brasil se destaca muito no verão, por conta da moda praia. Aqui fazem um colorido interessante, capaz de passar a energia do país”, contou, em entrevista ao FFW.
Criado em 2011, o Nowfashion foi o primeiro site a divulgar imagens de desfiles com a urgência exigida pelos dias atuais. Na época, Valerio se deu conta de que o tempo de postagem das imagens era muito inferior ao que poderia ser feito. Logo criou uma página, que mesmo sem aparecer no Google, alcançou 20 mil visualizações em uma semana. O resultado comprovou a aceitação e impulsionou a ideia inicial. “Cobrimos a semana de moda de Milão, fizemos mais de dez desfiles por semana e fomos desenvolvendo o projeto. Hoje, cobrimos 95% dos eventos internacionais”.
Anos depois, a dimensão do Nowfashion ainda surpreende. “No início, não esperava tanto êxito, especialmente no Brasil, já que somos internacionais e não temos tradução em português.” Valerio, que transita por estruturas grandiosas, admite que a montagem dos eventos brasileiros é um grande facilitador de seu trabalho. “Aqui é tudo muito bem organizado. Principalmente porque a maioria dos desfiles acontece no mesmo lugar. Em Nova York, por exemplo, os desfiles são espalhados. É muito mais confuso.”
Com um olhar atento às criações contemporâneas, ele acredita que o diferencial da moda brasileira está na forma singular com a qual nossos estilistas inserem a cultura em seu trabalho. “É comum ver marcas falando sobre a natureza nas texturas, na estamparia. A Osklen, por exemplo, já homenageou até o Inhotim. Não percebo uma preocupação com esse tipo de pesquisa nos outros lugares. É algo único”, afirma.