Por Raisa Carlos de Andrade, em colaboração para o FFW
Thiago Marcon, estilista da 2nd Floor ©Felipe Abe
A dupla formação de Thiago Marcon, estilista da 2nd Floor, traz um formato característico para suas coleções. Formado em Moda e História, ele conta que a marca foi seu primeiro emprego e, quando se deu conta, dez anos haviam se passado. Entrou quando a grife ainda era uma loja multimarcas na Oscar Freire, em São Paulo, onde vendia suas primeiras criações no espaço aberto para jovens estilistas. Em 2007, quando a Ellus apostou em uma segunda marca, tornou-se coordenador de estilo.
Ainda que crie para um público jovem, seu lado historiador faz a transformação dos clássicos. Nesta coleção, isso é representado na desconstrução farmer, como no caso da jardineira e da estamparia, em que florais clássicos ganham ar contemporâneo com a modelagem em neoprene. “Querendo ou não, se você olhar a estampa, é uma estampa de vó, uma coisa clássica. Não consigo fazer as coisas muito louconas. Acho que tenho um ranço bem clássico e dar um ar jovem a isso acaba sendo o desafio”, explica.
Backstage do desfile da 2nd Floor no Fashion Rio Inverno 2014 ©Sergio Caddah/Agência Fotosite
A atuação nas duas áreas, segundo ele, se dá de forma simultânea, dando um embasamento maior ao que produz. “Acho que ser historiador é um privilégio absurdo porque o que a gente mais vê na moda hoje são as pessoas falando de assuntos sem propriedade, o que é um dos fatos responsáveis pela moda ser marginalizada e encarada como frívola”. Mais interessado pela ilustração até que pelo produto final, o estilista inicia suas criações pela obscuridade imagética e só depois surgem as roupas. “Sempre gostei de ilustração. Meu sonho desde criança era trabalhar com desenho animado. Na Ellus, as imagens sempre vêm muito prontas. Não penso primeiro na roupa, penso sempre na imagem. A coleção da 2nd Floor é sempre muito estampada, gráfica, porque eu tenho essa coisa do desenho mesmo, mais até do que a própria roupa”.
Inspirado pela tendência esportiva, Thiago apostou em shapes estruturados para o Inverno 2014. “É uma coisa que a gente acaba usando porque a roupa fica mais acabada. No próprio cabide ela já tem uma forma”. De acordo com o estilista, boa parte do que foi apresentado na passarela se adequa a corpos reais. “Acho que os vestidos funcionam e os jeans são todos dublados com neoprene. Falo neoprene, mas é um jersey prene. Dá um toque geladinho. Claro que existe um shape certo para isso. Tem coisas muito amplas, mas às vezes, com aquela malha meio molenga, é bonitinho ter uma coisa mais seca e dura, como uma cropped. Super funciona”, defende.
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