As fotografias de rua do Brooklin nos 80’s ©Jamel Shabazz
Graziela Stramandinoli de Matheus Peres é diretora de arte da “MAG!” desde sua primeira edição, e está o tempo todo pesquisando referências e inspiração para criar cada nova revista. Carioca, mas morando em São Paulo há 13 anos, deixou a cidade maravilhosa para trabalhar como diretora de arte da “Vogue Brasil”, em São Paulo, e por aqui ficou, assumindo em 2006 o cargo na revista da Luminosidade.
Graziela contou ao FFW que encontra inspiração ao olhar para o nada. Parece contraditório, mas não é: “Me inspiro mesmo quando deixo minha cabeça solta, não to pensando em nada especifico, o que eu chamo de um estado pré-meditativo. Quase como ficar olhando nuvem no céu com aquele olhar fixo. Eu adoro olhar pro nada, é uma coisa que me inspira à beça. Digo olhar pro nada, e pode ser uma nuvem no céu, pode ser olhar uma árvore, andar aqui em São Paulo e ver um Ipê roxo na rua, isso sim me inspira e me emociona”.
Graziela, o que te inspira?
“Sou uma apaixonada por fotografia, então nesse momento eu tô fazendo pesquisa pra próxima revista e tô apaixonada por um fotógrafo americano chamado Jamel Shabazz. Acho que ele é uma espécie de “The Sartorialist” dos anos 80, ele fotografou o Brooklin, a rua, é muito inspirador.
©Jamel Shabazz
©Jamel Shabazz
E como a gente tá falando de preto e branco, eu estou olhando muitas coisas na África. Tô fazendo uma pesquisa sobre o cinema na Nigéria, e também tô muito inspirada pelas fotografias que eu tô vendo. Eu gosto muito de fotografia africana. Já até publicamos na primeira “MAG!”.
Eu adoro o Malick Sidibe. Acho inspirador o trabalho que ele fez, como ele retratou a cultura local, a cidade dele, as pessoas, as festas; eu adoro o Pieter Hugo, que é um fotógrafo da África do Sul, que tem um trabalho de retratos muito, muito fortes; e o trabalho do J. D. ‘Okhai Ojeikere também.
©Malik Sidibe
O que mais chama minha atenção no trabalho dele é a intimidade que ele conseguiu com quem ele estava fotografando. Você vê assim que a relação entre fotógrafo e fotografado ali naquele caso é muito íntima.
Às vezes você se inspira por alguma coisa e o resultado sai outro. Não é tão detectável assim. Nesse caso especifico até vai ser, porque vamos fazer uma entrevista com o Jamel Shabazz em Nova York e ele vai ilustrar a próxima “MAG!”, um artigo.
©Pieter Hugo
Tem dois livros fundamentais, um chama “A time before crack” e o outro “Back in the days”, do Jamel Shabazz. Do Pieter Hugo tem o livro “Nollywood”, “Malick Sidibe”, do Malick e “J.D. ‘Okhai Ojeikere: Photographs”, do Ojeikere.
E tem um site que é uma coisa incrível, que eu acho inspirador, é o Ubu Web, que é um site que você acha muito filme, muita coisa de vanguarda –vanguarda eu digo movimento de arte dos anos 60 e 70, que você não acha via Google. Ele não é indexado no Google.
Inclusive um dos princípios do site é não ser achado pelo Google. E aí você acha uns documentários iranianos dos anos 70, você acha filme experimental, você acha uma entrevista com a Pina Bausch, você acha coisas que não estão tão fáceis. É uma segunda camada de pesquisa.
E como o próprio diretor do site fala, se você vê alguma coisa boa, faça download, porque na web nada garante que estará lá no dia seguinte, isso também é uma coisa muito importante para quem gosta de pesquisar. Você viu o negócio, faz download, guarda, porque você pode procurar amanhã e ele já ter desaparecido”.