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    Liya Kebede: “Ser modelo não te leva a ser atriz, mas te prepara”
    Liya Kebede: “Ser modelo não te leva a ser atriz, mas te prepara”
    POR Redação

    A capricorniana de 32 anos Liya Kebede nasceu em Addis Ababa, na Etiópia. Ainda adolescente, foi descoberta no Liceu Francês onde estudava e mudou-se para a França, onde começou sua escalada ao topo da carreira de modelo.

    No auge, era presença garantida em títulos “Vogue” mundo afora, a preferida de Carine Roitfeld e Anna Wintour e outros mil poderosos, modelo exclusiva da Gucci de Tom Ford, o primeiro rosto negro a estampar as campanhas da Estée Lauder e, consequentemente, uma das modelos mais bem pagas do mundo.

    liya-kebede-estee-lauderLiya Kebede em campanha da Estée Lauder, em 2005 ©Reprodução

    Hoje casada e mãe de dois filhos, Kebede deixou os estúdios fotográficos um pouco de lado e focou em seu lado humanitário. Em 2010, chegou a ser eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela “Time” (curiosamente, quem escreveu seu perfil foi… Tom Ford!).

    Em entrevista à “MAG!”, em 2006, Liya sintetizou seu envolvimento com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um braço da ONU para questões de saúde pública: “Com a OMS, eu faço parte de um trabalho cujo objetivo é mudar a forma como as crianças nascem e são criadas no terceiro mundo. Queremos que as mães possam ter uma gravidez saudável. E, caso essas mães tenham alguma complicação, queremos que elas tenham direito a um hospital com uma equipe qualificada de médicos.”

    Ela esteve na capital paulistana pela primeira vez para promover o longa “Flor do Deserto”, uma adaptação da biografia homônima de outra topmodel, a somaliana Waris Dirie. Liya vive a protagonista, e é seu primeiro papel de destaque no cinema. “Já estive no Brasil antes, na Bahia, quando fotografei um editorial para a ‘Vogue’, mas não em São Paulo ou no Rio de Janeiro”, contou Liya ao FFW.

    vogue-arthur-elgort-bahia-2Liya Kebede na Bahia em editorial da “Vogue US”, em fevereiro de 2006 ©Arthur Elgort/Vogue

    Com um vestido roxo de seda da marca Zero + Maria Cornejo e adornada com uma echarpe creme de sua própria marca politicamente correta, a Lemlem, a topmodel falou sobre a transição para o cinema, Waris Dirie e seus projetos como Embaixadora da Boa Vontade.

    Como se envolveu com o filme “Flor do Deserto”?
    Ouvi que eles estavam fazendo testes para o papel, mas não sabia sobre Waris ou sua história. Eu li o livro e descobri o quão incrível ela era, então pedi para o meu agente conseguir um teste para mim. Eles me ligaram de volta e eu fui para Munique para um screen test. E aí consegui o papel.

    Vê semelhanças entre sua vida e a de Waris Dirie?
    Existem similaridades. Eu definitivamente vejo semelhanças, como o fato dela ter entrado em um indústria gigante de maneira ingênua. Também posso me relacionar com o fato de termos vindo da África, embora sejam histórias muito diferentes.

    flor-do-deserto-1Liya Kebede em cena de “Flor do Deserto” ©Reprodução

    Como foram as filmagens no deserto da Somália, onde Waris Dirie cresceu?
    Na verdade, começamos a gravar em Djibuti [país no nordeste da África], onde fizemos todas as cenas no deserto. Foi maravilhoso viver entre os nômades e ver de onde ela [Waris] veio.

    E como você se preparou para o papel?
    Fiz pesquisas, e o livro se tornou uma espécie de bíblia para mim. Eu consultei o livro com frequência para acessar pensamentos e emoções mais profundos. Eu não encontrei muito com Dirie, ela forneceu os direitos ao filme e ficou de fora do processo, dando espaço para a nossa criatividade, o que achávamos certo. Foi um gesto maravilhoso. Encontrei com ela no fim das filmagens, e estava bem nervosa quando ela viu o filme [risos].

    Conte um pouco sobre os projetos atuais da The Liya Kebede Foundation.
    Estamos esperando uma resposta do presidente Obama, que meio que prometeu um aumento de 500 milhões de dólares para o fundo em prol da saúde materna. Ele disse que gostaria de fazer isso, mas antes o projeto precisa ser aprovado pelo Congresso dos EUA. Então estamos trabalhando para juntar pessoas e assinaturas e coisas assim para pressionar o Congresso. Não é um valor enorme para o assunto, mas poderia realmente fazer a diferença. É um bom primeiro passo para cuidar do tema.

    Quais mensagens você gostaria que o filme transmitisse?
    Primeiro, este é um filme inspirador. Encoraja as pessoas a lidar com suas vidas de maneira diferente, não se tornar uma vítima das circunstâncias. É ter a coragem de mudar sua vida. Segundo, é criar consciência sobre assuntos como a mutilação genital, que acontece ao redor do mundo. Espero que as pessoas se emocionem o suficiente para saber mais e ajudar a acabar com essa prática.

    Qual é a melhor lembrança dos seus tempos de modelo?
    Uma lembrança específica é difícil. A melhor coisa de trabalhar com moda é ter a chance de trabalhar com pessoas muito criativas. É contribuir em grupo e criar uma história de moda, algo artístico.

    Você acha que modelar ajudou na transição para o cinema?
    Existem muitas coisas que você se acostuma com, como estar cercada e trabalhar na frente de várias pessoas, e também existem muitas diferenças. [A câmera de filmagem] é uma câmera viva, mas a maquiagem, o styling, as roupas… Ser modelo não te leva a ser atriz, mas te prepara.

    “Flor do Deserto”, dirigido por Sherry Horman, estreia na sexta-feira (25/06) no Brasil.

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