Por Raisa Carlos de Andrade, em colaboração para o FFW
Em uma temporada de belezas pouco marcantes, Carla Biriba trouxe o experimentalismo em doses fortes à passarela da Ausländer, marca com a qual trabalha há quase dez anos. Pensando a maquiagem em múltiplas possibilidades, ela fundou a Bliss Me, primeira agência de beleza do Rio, ao lado dos sócios Ciro Luporini e Carol Bicudo.”Somos uma pessoa com três mentes. Tudo é decidido em trio”, explica. Com clientes como Reserva, Redley, Totem e Agilità, a Bliss Me também irá assinar a editoria de beleza da revista “Areia”, publicação impressa com lançamento previsto para janeiro. Minutos antes de começar sua junção entre efeitos especiais e glitter, ela comentou sobre a linearidade vista em toda a temporada e a realidade de um dos mercados mais crescentes da cidade.
Qual foi a inspiração da beleza de hoje?
A inspiração da coleção da Ausländer vem de uma temática futurista, com tecnologia, imaginando como seremos daqui a uns anos e imaginando como essa pessoa, que a gente denomina pessoa Ausländer, seria nesse cruzamento de mundos e planetas. A gente sabe que no futuro vamos nos conectar com outras coisas, como se houvesse um avanço de tecnologia que nos transformasse em outros seres, que é o ser que foi mostrado na passarela da marca.
A marca sempre te dá muita liberdade. Como é a relação de vocês?
Eu e Cadinho trabalhamos juntos desde o começo da marca. Sou maquiadora da Ausländer há nove anos e a gente sempre define o tema assim que o desfile acaba. Duas semanas depois que acabou o verão, estávamos com toda a equipe para pensar o que faríamos no inverno. Aí falaram sobre a tecnologia e falei: “Tenho esse ser na minha cabeça”. Aí fui apresentando as ideias, ele se apaixonou, falou que faríamos tudo que fosse preciso e eu fui aprimorando no decorrer dos meses.
Você acha que todo esse tempo trabalhando junto fez com que sua maquiagem também influenciasse na criação das roupas?
A Ausländer, em especial, é uma marca toda feita em conjunto. Um vai acrescentando na ideia do outro. Por exemplo, vai ter uma peça que o cabelo é todo chapado para trás, seco, com o cabelo reto. Por conta do cabelo, o José (Camarano) teve a ideia de colocar uma faixa na roupa para passar o cabelo por dentro. É um grupo muito ativo. Não dei o tema da coleção, mas é uma equipe que trabalha muito bem junto. A gente já lê a mente um do outro para ver o que pode melhorar.
É comum ter toda essa liberdade criativa?
Não. Na maioria dos desfiles a gente decide uma semana antes.
As marcas têm valorizado muito o trabalho do maquiador. Como você vê essa mudança no mercado da beleza?
Hoje, no mercado de moda, o maquiador é tão importante quanto o stylist. Ainda assim, acho que nos desfiles as marcas têm dado cada vez menos importância. As maquiagens estão cada vez mais naturais… Quando é uma questão de tendência, eu aceito. Mas quando isso se repete em todas as estações, cai na chatice. É uma opinião pessoal, claro, mas é o que está acontecendo. Tenho achado monótono. Tem como fazer o nada de uma maneira criativa. Mas quando o nada vira nada, quando aparece toda hora, acho chato.
O que você prioriza em um profissional para entrar na sua equipe?
São três itens fundamentais: talento, óbvio, mas ele não vem sozinho; profissionalismo acima de tudo, ser correto em todos os sentidos e amar o que faz. Quando tem tudo isso, não tem como dar errado.