A estilista Alessandra Facchinetti, diretora criativa da Tod’s, após o desfile de Inverno 2015 ©Imaxtree
O mundo da moda dá muitas voltas. Provavelmente você ainda não ouviu muito o nome de Alessandra Facchinetti, mas isso vai mudar de agora em diante. Em apenas duas coleções, ela colocou a Tod’s no primeiro time da semana de moda de Milão e está conseguindo posicionar a tradicional marca de acessórios no competitivo mercado do prêt-à-porter. Seu trabalho foi comparado por Suzy Menkes ao de Phoebe Philo para a Céline – leia-se como um grande elogio. “Ela criou um guarda-roupa moderno e ‘woman friendly’”, escreveu no “The New York Times” sobre a coleção recém-mostrada, de Inverno 2014/15. + Veja a coleção completa aqui
Ninguém imagina que essa italiana, agora o nome mais incensado da temporada, já teve seus maus bocados na moda.
Em suas mãos, caíram dois desafios enormes. Em 2005, aos 32 anos, ela vira diretora criativa da Gucci, ocupando o lugar de… Tom Ford. Após duas coleções, a marca a despediu alegando um desacordo com a direção da grife.
Em 2007, Alessandra é nomeada diretora de criação da Valentino, substituindo… o Valentino em si, após um desfile-despedida triunfal. E, de novo, após duas coleções, ela fica sabendo pela imprensa que foi mandada embora “por não respeitar o legado da marca”. Até o próprio estilista entrou em cena para defender a decisão da maison: “Há um acervo com milhares de vestidos onde o designer pode tirar inspiração e criar um produto Valentino que seja relevante hoje. É uma pena que Facchinetti não sentiu que isso fosse necessário.”
Com Isabeli Fontana, Cintia Dicker e Daria, o primeiro desfile da Gucci sob direção de Facchinetti, no Verão 2005 ©Reprodução
A primeira coleção de Alessandra Facchinetti para a Valentino, no Pre-Fall 2008 ©Reprodução
Looks da coleção de Inverno 2015 da Tod’s, que levou Facchinetti de volta ao topo ©Imaxtree
Depois de duas experiências como essa, é compreensível seu desligamento do prêt-à-porter. Alessandra criou uma linha em parceria com a marca italiana Pinko, a Uniqueness, focada na venda online.
Tudo mudou em fevereiro de 2013, quando ela entra no lugar de Derek Lam para assumir a direção criativa da Tod’s. O CEO Diego Della Valle buscava uma pessoa com experiência no mercado de luxo e com um olhar atento aos detalhes que pudesse alavancar não apenas as coleções de acessórios, mas enfrentar o desafio de fazer crescer a área dedicada ao prêt-à-porter.
A apresentação vista em Milão nesta última semana indica que ele achou a pessoa certa para conduzir essa nova fase da Tod’s com maestria. Alessandra explorou volumes e formas, usando um couro laqueado e materiais rígidos em uma silhueta minimalista, mas com uma estranheza que cai bem nas mulheres contemporâneas. O tal “momento Céline em Milão”.
Se antes ela era a pessoa certa no lugar errado, após algumas voltas, Facchinetti finalmente encontra o seu destino. Até na moda, para tudo tem um remédio.
Em tempo: a Tod’s tem duas lojas no Brasil, nos shoppings Iguatemi e JK Iguatemi, em São Paulo.