Chiara Gadaleta Klajmic é a nossa grande porta voz da moda com design de qualidade associada à sustentabilidade. Stylist, consultora e apresentadora de TV, a ex-modelo criou o projeto Ecoera, importante plataforma de palestras, cursos, oficinas e eventos que dá visibilidade ao setor. Esse ano lançou o Prêmio Ecoera, para contemplar as melhores marcas de moda sustentável do Brasil.
Com expertise tanto no high fashion – foi modelo de sucesso, fez estilismo no conceituado estúdio Berçot, de Paris, assinou editoriais para as principais revistas de moda do País – e em comércio justo e inclusão social – é responsável por programas nessas áreas em ONGs e cooperativas brasileiras, entre elas o projeto “ Trançados do Uatumã”, uma central de artesanato na Reserva do Uatumã na Amazonia – Chiara responde, a seguir, cinco perguntas sobre moda sustentável no Brasil e no mundo.
1. O que é preciso para que uma marca de moda seja considerada sustentável?
Chiara Gadaleta Klajmic: O primeiro passo é a tomada de consciência e a vontade de se conectar com as questões sociais e ambientais de forma legítima e duradoura. Na prática uma marca conectada possui atributos em toda sua cadeia de valor que busquem diminuir impacto negativo no meio ambiente e na sociedade.
2. Dá para ser sustentável e ter um negócio lucrativo de moda? A matemática é a mesma de um negócio convencional?
Um dos atributos de um projeto, marca ou produto conectado é ser sustentável economicamente, ou seja, precisa ser lucrativo. O que muda nessa matemática é a transparência com o consumidor e o comércio justo em toda cadeia de produção. A intenção é que todos os elos da cadeia sejam valorizados e respeitados.
3. A moda sustentável é muitas vezes associada a um produto bem intencionado mas com falta de design apurado e bom acabamento. Considerando o mercado de marcas de moda sustentável hoje no Brasil, o quanto você diria que há de verdade e o quanto de preconceito nessa afirmação?
Hoje o mercado está 100% consciente de que o design e a qualidade são fundamentais para que um marca /produto sustentável tenha possibilidade de entrar no mercado e se tornar competitivo e principalmente desejável.
4. O que há de mais legal sendo feito no Brasil de moda sustentável hoje? Quem são as grandes grifes nessa área, que unem sustentabilidade e produto de moda consistente?
Existem inúmeros exemplos de marcas que já nasceram conectadas e outras que estão em transição, além de linhas com processos mais limpos produzidas por grandes empresas. Alguns cases se sucesso: Insecta Shoes , marca gaúcha de calçados; Catarina Mina, marca cearense de acessórios e dentre as grandes empresas, a Reserva com suas práticas sociais, a Lunelli com sua conexão ambiental e a Dudalina, com seu projeto de descarte da sua cadeia produtiva. O grupo Malwee se fortalece a cada ano com seu plano 2020 de práticas, processos e produtos integrados à sustentabilidade.
5. E no mundo? Quais são os países ou cidades com as melhores marcas de roupas e acessórios sustentáveis hoje? Você destacaria alguma marca em especial?
A Europa como um todo está bem avançada em tecnologia e práticas mais justas em toda a indústria de moda, do pré-consumo ao descarte. Alemanha, Inglaterra, Itália, França e Noruega são dos principais países nesse setor. Nos EUA , o Estado da Califórnia é imbatível em produções valorizando a economia local e os pequenos produtores. Marcas como a Vivienne Westwood com seu Climate Revolution; Christopher Rayburn, um pioneiro na técnica do Upcycling; a Edun, com sua produção em comunidades artesãs africanas são destaques. A dupla From Somewhere é precursora da customização desde 1997. Sem falar da americana Patagonia , uma referência de branding e coleções conectadas com o meio ambiente.