Anthony Vaccarello nos trouxe para as margens do Sena, mais precisamente à Place du Trocaderó, de frente para a Torre Eiffel, um lugar do passado para nos mostrar sua visão de futuro para a Saint Laurent em sua melhor coleção desde que assumiu a direção criativa da Maison em 2016. A marca, que faturou em 2017 mais de US$ 1 bilhão, é atualmente uma das estrelas do portfólio de marcas do grupo Kering e tem feito um dos maiores desfiles da semana de moda parisiense.
A cena
Uma tenda gigante toda de espelho fragmentado já podia ser vista dias antes por ali e despertava a curiosidade dos milhares de visitantes que circulam pelo ponto turístico todos os dias. O projeto, criado por Alexandre de Betak, do Bureau Betak, era impressionante por fora e por dentro. No interior todo escuro como um club, uma passarela de mais de 60 metros percorria horizontalmente o espaço. De um lado a plateia, de outro um paredão de espelhos à frente de um jogo de luzes que criavam um efeito de tridimensionalidade ao piscarem de forma sincronizada. Ao caminharem paralelas ao espelho, as modelos se multiplicavam.
The girl next door
Vaccarello escolheu a modelo brasileira Anna Herrera para abrir o desfile, num look em alfaiataria de casaco de lã de ombros exagerados sobre smoking de cetim (o look mais emblemático de monsieur Saint Laurent) sem camisa, substituída aqui por um top transparente. A imagem já dava os primeiros sinais do que veríamos a seguir.
Os ombros, a alfaiataria e o espírito rock’n’roll dos anos 80
O designer então remixou muitos dos códigos visuais mais notáveis de Saint Laurent, do clássico smoking das mulheres aos bordados étnicos e exóticos a casacos de pele para os homens. O exagero nas proporções remetem aos anos 80, principalmente nos ombros em forma triangular e nos laços gigantes e a silhueta alongada. O casaco branco em alfaiataria, de ombros exagerados no segundo look, atingiu a perfeição.
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Muitos tops transparentes sob jaquetas dignas das estrelas do rock, em veludo e bordadas, combinadas a shorts extra-curtos e saltos altíssimos, já nascem hits para a nova geração de garotas notívagas.
Para completar a festa, não poderiam faltar alguns vestidos de noite. Eles vieram super curtos, com nós e laços de um metro extrapolando os ombros em ângulos retos, em paetês pretos e de decotes recortados.
Uma ode à Betty Catroux
Julia Nobis e a new face Vilma Sjöberg eram a imagem e semelhança de Betty Catroux, a musa de Yves Saint Laurent, reconhecida por sua franja loira curta e seus inseparáveis pares de óculos escuros. Uma marca registrada de Betty desde sempre.
A música
A trilha enérgica e às vezes perturbadora foi criada especialmente para o desfile por Sebastian, um dos produtores do selo francês Ed Banger.
Glow in the dark
Ao apagar das luzes, após o último look ser desfilado por Freja Beha, o momento surpresa: mais de vinte modelos marchando em uma escuridão quase completa, atrás da parede de espelhos refletores vestindo looks de plumas e gráficos fluo, brilhavam e se multiplicavam. Parecíamos estar dentro da tela de jogo de um videogame da Nintendo.
Ao sair do espaço, dar de cara com a Torre Eiffel iluminada nos trouxe de volta a vida real de Paris.
Na galeria as celebridades e VIPs presentes no desfile.