Inverno 2013 – O FFW está na semana de moda de Paris a convite da Dona Santa Fashion Tour, projeto da multimarcas de Recife Dona Santa. Acompanhe também por meio dos blogs Ju Santos e Dona Santa|Santo Homem.
Alexander Wang ao final do desfile Inverno 2013 da Balenciaga em Paris ©Divulgação
Aconteceu nesta manhã (28.02) a estreia do estilista Alexander Wang na Balenciaga, certamente o momento mais aguardado desta temporada.
Wang assumiu o cargo em dezembro após a saída do idolatrado Nicholas Guesquière. O anúncio gerou polêmicas e controvérsias, especialmente por parte dos puristas, que acharam uma decisão “estúpida” e um “sacrilégio” a nomeação de um jovem estilista americano.
Portanto, o desfile começou sob um clima tenso, porém silencioso e, aos poucos, foi transformando as expressões do seleto público que assistiu à apresentação ao vivo – e que duvidava da habilidade de Wang em suceder Ghesquière.
Sob muita pressão e com pouquíssimo tempo para criar e executar (ele começou a trabalhar em janeiro!), Alexander mostrou uma coleção que entusiasmou compradores e mídia especializada, a começar por Anna Wintour, que ajudou a alavancar a carreira do estilista. “Estou muito orgulhosa”, disse ela ao “International Herald Tribune”. “Tudo era usável, mas com muitas homenagens ao Balenciaga em si. Foi uma maneira esperta de começar”.
Usável. Palavra mágica na moda que separa quem tem e quem não tem sucesso comercial. Wang é o jovem rei da moda contemporânea usável, assim era de se esperar que a coleção teria um apelo para o business maior do que na época de Nicholas Ghesquière. Afinal, foi exatamente por isso que ele foi colocado lá, não?
Formas arredondadas no desfile da Balenciaga em Paris ©Divulgação
Wang obviamente reviu o trabalho de Cristóbal Balenciaga, chamado por Christian Dior de “o mestre de todos nós”, e trouxe alguns de seus principais elementos, como as formas arredondadas que marcam a coleção de uma maneira bonita e esperta: cada peça, seja um top, uma calça, um casaco, é arredondada à sua maneira, com mais força ou mais delicadeza.
Mas o que ganhou a plateia não foi apenas a maneira como ele traduziu os códigos do mestre, mas sim como injetou sua pegada jovem e esportiva dentro da maison. A crítica foi unânime: apesar de muitos acharem que a coleção não teve o mesmo impacto criativo que as de Ghesquière, o ar fresco que chega com Wang traz equilíbrio, rejuvenescimento e, mais ainda, apelo comercial. É só contar quantas calças pretas tem no desfile… “Wang trouxe seu streetwear esperto para os volumes de alta-costura que são tão Balenciaga. Mas ele minimizou esses elementos de uma maneira mais realista para os dias de hoje”, disse Cathy Horyn, do “NYT”, que certo dia já foi crítica ao trabalho de Wang.
Segundo Horyn apurou, os materiais foram muito bem trabalhados. “As peças de couro craquelado que apareceram ao final do desfile? Que couro que nada, mas sim tricôs pintados. Havia também peças que pareciam de plástico, mas que eram bordadas”, escreveu a editora.
Já Nicole Phelps, do Style.com, disse: “Certamente ele começou com o pé direito. Wang usou tecnologia e técnica para chegar a novos materiais e texturas”.
Não foram só os jornalistas que elogiaram. Os compradores também saíram do desfile empolgados. “Gostei de ver volumes esculturais de uma maneira atraente”, diz Linda Fargo, diretora de moda da Bergdorf Goodman, ao “International Herald Tribune”. Para Ken Downing, diretor de moda da loja de departamentos Neiman Marcus, a coleção tem equilíbrio perfeito entre modernidade e elegância.
O desafio desse jovem estilista de apenas 29 anos ainda está longe de terminar. Na primeira coleção, desenvolvida em circunstâncias pouco favoráveis, todos pareciam torcer para que desse certo. Traduzir com respeito códigos históricos e tão sofisticados em um guarda-roupa funcional também não é para qualquer um. Alexander Wang parece começar no caminho certo ao abrir uma janela na história da Balenciaga. E por ela, além de ar fresco, deve entrar também mais $$$$.