1 – No início, era o moletom. E a viagem à Grécia. E o esporte olímpico, a releitura de desfile antigo, o maiô de salto ornamental…
Há alguns pontos de partida deste Inverno 2016. Com loja há três anos em Mikonos, Oskar Metsavaht viajou recentemente para a Grécia e trouxe de lá a ideia de falar sobre a origem das Olimpíadas, surgidas na Grécia antiga, em 776 a.C. Tema que faz gancho com as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Daí, apareceu o desejo de resgatar um desfile de mais de dez anos atrás, o segundo feito pela Osklen dentro do SPFW, o do Verão 2004, cujo ponto de partida, para a coleção feminina, era um maiô de salto ornamental. Havia também a vontade de Oskar de voltar-se para o conforto, e então resolveu se basear no moletom para desenvolver toda a coleção. Muitos inícios, todos interligados e que levam a um só fim: o esporte. DNA da marca, ele também ganhou reflexão de Oskar e de Juliana Suassuna, diretora de moda da marca, sobre qual era o olhar da Osklen sobre o tema esportivo. Trata-se de uma abordagem luxuosa e sofisticada, e que vem do foco no que Juliana definiu muito bem de a “nobreza do esporte”.
Baseada em linhas simples, com pegada minimalista mais evidente nos vestidos p&b, a coleção da Osklen consegue se mostrar muito autoral sem cair na cilada da repetição de si mesma, ainda que retome temas que lhe são recorrentes. Sempre, no entanto, de um jeito fresco, olhando para dentro sem deixar de olhar sempre para fora e para frente.
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2 – A festa também é dela
Em 2015, Juliana Suassuna completa 15 anos de trabalho na Osklen. “Hoje a Osklen é uma mistura de mim com a Juliana”, resumiu Oskar, no backstage, antes do desfile. A sintonia entre os dois é fina. “Primeiro, ele geralmente vem com um tema e os desejos para a coleção. Aí monto um caderno de referências e, a partir do que discutimos e para o que vejo que o olho dele brilha mais, vou fazendo os croquis, todos à mão. Paralelamente, já vamos criando a coleção comercial. Aprovados, esses croquis vão virar a minha planilha do que vai ser desenvolvido”, conta a estilista. Juliana pensa em detalhes que vão das sacadas estéticas de moda cool da Osklen a preocupações funcionais de caimento de roupa para a mulher, como franzidos que, além de dar textura às peças, não marcam desfavoravelmente o corpo. “É difícil usar, por exemplo, um vestido liso, completamente justo. Sempre tem algo que a gente quer disfarçar um pouquinho, né?” A gente agradece muito, Juliana!
3 – Roupões
Os muitos roupões de moletom, crepe e veludo de seda foram inspirados, inicialmente, no quimono dos judocas, mas logo ganharam referência de todos os roupões esportivos no geral, dos usados pelos boxeadores antes da luta aos dos nadadores antes e depois da prova. Em alguns momentos, eles ganham mangas mais abertas, reforçando essa ideia de peça confortável, mais solta.
4 – O agasalho na cintura vira sobressaia
Sabe o agasalho que a gente amarra na cintura quando começa a fazer calor, para não precisar carregá-lo na mão? Styling das ruas dos anos 1990, o artifício virou acessório na Osklen. “Fiz um redesenho para tirar aquele volume feio de quando se amarra um casaco mesmo na cintura, e transformei a peça numa espécie de sobressaia, que você pode comprar separadamente e amarrar em diferentes alturas da cintura”, diz Juliana. A peça aparece tanto num vestido branco e preto como no conjunto com estampa amarela de louros.
5 – Série bandeira
As bandeiras dos vários países, evidenciada durante os Jogos Olímpicos, inspiraram a criação de uma bandeira própria, numa série que tem como base shapes quadrados, em sarja e faixas de tons fortes levemente queimados de vinho e amarelo.
6 – Veludo de seda
O moletom aparece sempre, pontuando a coleção, e ganha novas roupagens. Para Oskar, o veludo de seda é a fase final e luxuosa do moletom, ao dar a mesma sensação de conforto com aspecto glamouroso e sofisticado. O abrigo verde merece destaque, com manga levemente aberta e o brilho e movimento do tecido molenga muito sedutor.
7 – Projeções
A Osklen costuma fazer projeções na boca de cena da passarela, que servem como cenário, com belas imagens. Desta vez não foi diferente. O desfile começa com a imagem da famosa escultura de um homem prestes a lançar um disco, a Discóbolo, do grego Míron (a original é de 455 a.C.) e continua com cenas de saltos ornamentais, até chegar ao céu, quando os atletas do Olimpo da Osklen aparecem passando em frente às nuvens, só a silhueta, num recurso já usado pela marca, mas sempre bonito de ver.
8 – Preto e branco
Parte mais minimalista do desfile, as peças em preto e branco ganham destaque especial nos dois vestidos do meio da apresentação, longos e alongados, como este de manga comprida, decote v profundo, com duas faixas brancas na frente que parecem vir das toalhas jogadas nos ombros dos atletas.
9 – Cadarços
Os cadarços se transformaram em elemento decorativo nos tênis, usados enfileirados, aos montes, dando textura ao calçado, e também sobem para as roupas para serem usados como amarrações das calças e saias de moletom. Remetem à amarração de espartilho, levando a uma segunda discussão, de questão de gêneros, muito interessante na Osklen, marca que traz no minimalismo chique esportivo uma moda que, longe de ser unissex, usa o esporte para destacar os pontos de encontro possíveis entre a moda masculina e feminina.
10 – A série da vitória
Os ramos de louro, nas coroas douradas usadas na série final do desfile, primeiro vêm como bordados dourados, depois viram prints nas peças de moletom e seda. Eles representam a vitória, numa simbologia que vem da mitologia grega e adotada como premiação nas Olimpíadas da Grécia antiga: em vez de medalhas, os gregos premiavam seus atletas com coroas de ramos de louro.