O processo de criação de Jonatan W. Anderson para a Loewe não foi fácil. Assim que explodiu a pandemia, a última coisa que ele queria ser era estilista. Apesar de já ter definido os nortes da coleção antes do covid-19, ele naturalmente acabou dando um outro sentido não apenas para a coleção em si, mas também para sua apresentação, já que seria uma estação sem desfiles.
Ele trouxe outros profissionais para colaborar com processos totalmente artesanais, como a espanhola Idoia Cuesta, artista de cestaria que criou dois tops para a coleção masculina em seu estúdio na Galiza. O artesão japonês Kayo Ando também foi convidado a explorar o shibori, técnica têxtil que inspirou várias peças da coleção.
Entre suas inspirações originais estão os artistas espanhóis El Greco e Velasquez, ambos do período barroco e ainda os figurinos do Cabaret Voltaire, uma ramificação do movimento de arte subversivo Dada, que se uniu como uma reação aos horrores da Primeira Guerra Mundial e à pandemia global de gripe de 1918. Pura coincidência ele tratar deste tema. Ou premonição?
A experiência atual mudou a forma como Anderson pensa e enxerga a moda. “Acho que vai ser muito difícil voltar ao que era antes”, disse em entrevista ao BoF. “Se você é uma marca agora e não tem humildade e honestidade, está completamente ferrado. Eu luto para me envolver com isso. Não me importo mais com o que a indústria pensa”.