Agustina Comas é antiga conhecida do FFW: a primeira vez que falamos com ela foi em 2010, quando a designer uruguaia nos apresentou o projeto IN.USE e suas “roupas velhas/novas” 100% recicladas – a palavra upcycling ainda era pouco usada na indústria da moda. Cinco anos e muito chão depois, Agustina lança sua marca própria, Comas, com o mesmo conceito de reaproveitamento e elevação de materiais, mas desta vez com venda online e um plano de negócios mais estruturado e ambicioso.
A estilista atua aqui com a recuperação e recolocação de camisas masculinas que não passam pelo controle de qualidade das fábricas e que iriam acabar desvalorizadas, vendidas em bazares, por conta de defeitos como pequenas manchas e furos. “Nosso trabalho começa com a pesquisa para identificar os melhores tecidos e a melhor confecção; então escolhemos as peças que, a partir do nosso conceito de design, são as mais ricas. O desafio é selecionar aquelas que têm maior potencial de transformação”, ela explica.
Matéria-prima em mãos, Agustina aplica a técnica que ela vem desenvolvendo ao longo dos anos, com o uso dos seus gabaritos (“rígidas tabelas de medida”), em vez de moldes, e as camisas masculinas viram camisas femininas, saias, chemises e vestidos. “Camisas são peças ícones, de estilo permanente, durável, sem prazo de validade. Essas características acabam se imprimindo nas peças que fazemos, e na política da marca, que vai na contramão da lógica do descartável, das tendências que passam rápido”, ela explica. “A minha assistente Isabel e eu fizemos a mesma faculdade de design industrial, o que é muito bom, porque ambas fomos educadas a pensar o produto em todas as etapas. Aproveitamos todo o DNA industrial dessas peças que passaram por processos de produção muito sofisticados, e cuja inteligência está no corte.”
A designer, que tem uma longa passagem pela Daslu Homem e que trabalhou com Jum Nakao em diferentes projetos (entre eles o desfile A costura do Invisível, apresentado em 2004 no SPFW), afirma que sua experiência no mercado vai ajudar a viabilizar esse modelo de negócio que repensa a maneira de se criar e consumir. “Depois da Daslu Homem, fiquei um ano só fazendo cursos de empreendedorismo. Sou criativa, mas quero fazer um negócio, viver disso. Daí, por exemplo, a opção pela camisa. Não adianta ir às fábricas, comprar lotes de roupas e ficar fazendo roupas loucas que não vou conseguir vender”, ela diz. “Temos muito claro o que queremos fazer. Trabalhar só com tecidos muito bons que vão ter durabilidade, e fazer um item conciso. Me propus a fazer um produto comercial, pelo qual as pessoas vão se apaixonar, criar um vínculo; quero que as filhas das minhas clientes herdem essas peças.”
Para conhecer mais sobre a Comas, visite o site oficial; os preços variam entre R$ 120 e R$ 395. E já há mais novidades anunciadas: nos próximos meses, a loja basico.com vai vender uma linha especial de roupas desenvolvida em parceria com a marca.
+ comas.com.br
contato@comas.com.br
(11) 9-9316-8731
Ficha técnica ensaio
Fotografia: Fernanda Rappa
Modelo: Bárbara Eugenia
Styling e produção: Juliana Carvalho
Beleza: Luciana Pesinato
Equipe COMAS: Isabel Castro e Agustina Comas