A House of Aama foi criada em 2013, mas apenas agora é que as pessoas estão ouvindo falar dela. Muitas reviravoltas aconteceram desde então até que a dupla por trás da empreitada, Akua Shabaka e sua mãe Rebecca Henry, chegaram no ponto certo do que queriam fazer: uma marca que traduzisse sua identidade cultural. Akua e Rebecca vêm de uma família negra do Sul dos Estados Unidos, com histórias, costumes e hábitos que vão se perdendo ao longo dos anos e das trocas de gerações. A House of Aama é também uma maneira de resgate de suas raízes.
Elas começaram a trabalhar com upcycling em 2013 quando Akua tinha 16 anos. A primeira coleção, chamada Urban Nomad, veio em 2014, feita com tecidos do Kenya e ostentando símbolos de tribos africanas.
A imagem fresca da coleção atraiu a atenção dos organizadores do Afropunk, que convidou a marca para participar do festival em Nova York. Mas chegando lá, elas se depararam com vários outros designers que também usavam tecidos africanos e decidiram que teriam que encontrar uma maneira menos óbvia de expressar sua identidade cultural.
Mas Akua mudou-se para Nova York em 2015 para estudar na Parsons e sua mãe ficou em Los Angeles, onde também trabalhava como advogada. Akua começou a trabalhar como modelo e fez campanhas para Gucci e Valentino. O que poderia ter sinalizado um fim resultou, na verdade, em uma etapa importante na história da marca. Inspirada pela faculdade, Akua cuidava da direção criativa e dos negócios, enquanto Rebecca costurava e produzia as roupas.
Agora, mãe e filha colhem os primeiros frutos com a recém lançada coleção de Inverno 17, chamada Bloodroot. O nome vem de uma erva rara chamada bloodroot, que antigamente era usada como remédio alternativo e considerada um guardião das famílias. Essa linhagem de costumes da comunidade é uma das inspirações da nova coleção.
Outra referência forte é Jamaiel Shabaka, pai de Akua. Respeitado baterista de jazz de vanguarda, ele – e seus ideais – é uma influência constante no processo criativo da House of Aama. “Muito da minha identidade cultural vem dele, especialmente em termos de ser verdadeiro consigo mesmo e ter uma identidade forte. Meu pai, quando entra em um lugar, você já sabe de onde ele vem e como ele é. Acho isso muito importante, especialmente por ser negra, porque nós temos que ter conhecimento da nossa história. Então eu devo muito disso a ele”.
A coleção traz vestidos de inspiração vitoriana atualizados para os dias atuais, ternos listrados, tops cropped feitos com tecidos africanos, blusas de seda… Os vídeos criados para divulgar Bloodroot têm a participação do ator Ashton Sanders, astro do filme Moonlight e amigo de Akua desde a pré-adolescência.
Há um elemento mais profundo por trás do conceito – o das raízes negras do Sul dos EUA – e que claramente aparece na campanha. Ela traz uma dignidade aos ancestrais e empoderamento aos jovens. “Nossos projetos são um reflexo do Sul dos Estados Unidos no pós guerra. Estamos inspirados por este período porque acreditamos que é muito significativo na cultura negra”, diz Akua. “Nossa representação é necessária na indústria”.