Duas marcas estreiam no calendário do SPFW nesta temporada de Inverno 16. A Coven, que já passou pelas passarelas do Fashion Rio, e a Ratier, que pode ser considerada novíssima, mas com características bem definidas uma estética urbana e contemporânea, e que parece estar madura para dar esse próximo passo.
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Se o nome Ratier ainda não lhe diz nada, certamente você já ouviu falar no D-Edge, clube do empresário e diretor criativo Renato Ratier, aberto em 2003 em São Paulo e que mudou a cena da noite paulistana.
Renato, 43, focou sua carreira no clube e virou também um DJ conhecido, mas a moda esteve presente como influência e negócios desde o início. Para traçar sua linha até os dias de hoje, vamos voltar um pouco no tempo. Ratier nasceu em Campo Grande, em uma família de fazendeiros e começou a trabalhar como moda bem jovem. Ele credita isso a sua compulsividade por viagens, quando aprendia livremente sobre contemporaneidade e se inspirava. Vindo do interior de Campo Grande, tinha menos contato com movimentos artísticos e culturais e as viagens abriram para ele a primeira porta: nasceu a marca Valet, seguida pela Tilt, o que deu motivo para que ele abrisse então uma multimarcas, a Subculture, que por sua vez encabeçou outros movimentos, como festas, fanzines e programas de rádio. Isso foi 10 anos antes de abrir o D-Edge.
Passou a frequenter São Paulo, onde conheceu pessoas influentes nas duas áreas. “Mas o que de fato me motivou foi bater perna por vários países e exercitar uma pesquisa de rua. Inclusive, quero preparar alguns bazares com acervos de consumo de todos esses anos”, diz ao FFW.
E assim, ele foi moldando seu gusto e planejando sua próxima empreitada, a Ratier, o que nos traz ao momento atual. A marca foi aberta em 2014 e já nasceu como uma loja completa, nos Jardins, em São Paulo, com linhas feminina, masculina (o ponto forte), casa e joias. Tudo alinhado em uma estética contemporânea, pontuada por estruturas geométricas e poucas cores. Nas linhas de joias e de casa, vemos a influência de sua vida na fazenda, com móveis que trazem desenhos de chifres, ossos ou cabeças de boi trabalhadas. Para Renato, sua marca tem como diferencial no mercado “a sutileza de conceitos iconoclastas, além de contemporaneidade”. E ele já tem seus followers, que buscam essa estética mais vnaguardista por um preço não exagerado.
Pergunto como recebeu o convite para desfilar no SPFW, já que sua marca é, de certa forma, ainda tão jovem. Como quem cuida para não dar um passo maior que a perna, ele prefere falar pouco e não criar grandes expectativas, mas entende que é uma oportunidade excelente de as pessoas conhecerem sua grife. “Mas entendo que é uma responsabilidade grande”. Por enquanto, sabemos que a inspiração da coleção é guerreiros (“o resto é surpresa”, diz) e que o desfile terá styling de Maurício Ianês e trilha da dupla Edu Corelli e Luiz Depeche.
Após ouvir toda essa história, as pessoas podem se surpreender ao saber que ele ainda administra as fazendas de sua família e as suas próprias, dividindo-se entre o super urbano e o rural total. “É uma loucura e aconteceu um fato engraçado por causa disso. Um amigo do meu pai perguntou: ‘como está o Renato? Está bem?’. Ele respondeu: Está sim! Cuidando do gado e fazendo saia também!”.
Veja abaixo alguns looks da coleção de Verão 2015.