Enquanto Tom Ford bate o pé para pisar no freio, Karl Lagerfeld não encontra _se é que ele procurou_ um motivo para parar. Em entrevista ao blog “The Business of Fashion”, o estilista conta que vê os impactos do imediatismo da internet na indústria da moda como algo nada além de inevitável. Para ele, uma pessoa não deixará de desejar uma bolsa Chanel só porque há cópias dela sendo feitas a toque de caixa. Até porque, se fosse assim, o que seria de Prada e Louis Vuitton?
“Produtos caros, de alta qualidade (os chamados de luxo) são exclusivos pelo preço”, afirma o kaiser. “Se você tocar em uma cópia, e você está acostumado com o luxo, está acostumado a comprar couture ou até mesmo um prêt-à-porter caro, tudo isso (essa discussão) é desnecessária, porque a qualidade é essencial. Luxo é luxo, e cópias não são luxo, então é completamente diferente”, explica.
Karl Lagerfeld não é exatamente alheio ao mundo das tecnologias. Quem viu o documentário sobre sua carreira (“Lagerfeld Confidential”) deve lembrar de sua estante repleta de iPods em diversas cores. É verdade que ele não mexe em nenhum deles _”eu não uso (computadores e outros eletrônicos), porque, como disse antes, uso meu cérebro, e cabe a mim imaginar, não quero ter imagens prontas, eu quero criar imagens a partir da minha memória”_, mas o estilista identificou ali algo essencial para a vida contemporânea, e daí sua constante atenção ao que há de mais novo no assunto.
“Não é um consenso sobre o que é considerado mau gosto ou mau design em tecnologia, porque o mau design é o mau gosto hoje”, disse. “Eles são perfeitos, de certo modo. Facebook é um objeto perfeito… É, para mim, como se fosse um Brancusi”.
Na entrevista que aconteceu após sua conversa com Suzy Menkes na International Herald Tribune Luxury Conference, Karl fala ainda de como o termo “luxo” é empregado erroneamente. “Um monte de pessoas que compram uma bolsa Chanel não possuem uma vida que possa ser chamada de luxuosa, não possuem jatinhos particulares e tudo mais. Na verdade, o verdadeiro luxo é algo limitado a pouquíssimas pessoas”.