Cris Barros não quer mais ser conhecida como “a estilista de roupas românticas para consumidoras que parecem suas irmãs”. Mesmo assim, ainda podemos afirmar com total segurança que suas clientes cultivam uma íntima relação com seu gosto e estilo pessoais.
“Tinha em mente algo livre, nômade”, explicou Cris Barros ao FFW. “Pensei em várias etnias, tribalismo, beduínos e fotos de Peter Beard”.
Do clima “destroyed” do inverno passado, restou pouco: apenas algumas silhuetas ajustadas ao corpo e os efeitos estonados e desgastados que conferiam aspecto de envelhecido ou cuidadosamente sujo às roupas do verão 2011.
Cris eliminou quase que por completo as cores de sua coleção. Focou-se em tons terrosos, que chamou de “areia negra”, “cinza vulcânica” ou “chuva ácida” _sempre em referência ao clima desértico exótico, porém muitas vezes evocando algo de apocalíptico. Existia também uma leve lembrança de “Blade Runner” por trás de todas as referências tribais e 1970s.
O desfile abre com a top Viviane Orth usando uma regata metalizada enferrujada com bermuda de paetês semi-opacos. Em seguida essaa bermuda vira calça, depois saia. Aquela primeira regata se transforma numa camiseta e por último num vestido onde estampa e paetês se misturam.
Com modelagens simples _e prontas para o consumo_, o destaque fica com os tratamentos têxteis, brilhos e texturas que agregam valor à coleção. Como no bom look de Alicia Kuczman composto por vestido-regata e blazer amassadinho.
A abordagem não muito óbvia da temática étnico/tribal também ajuda a tirar a coleção do lugar comum. Comprimentos mini, fendas ousadas nas costas e uma certa leveza bem sensual falam dessa nova fase sedutora da mulher Cris Barros.
Sedutora, mas nem por isso menos elegante. O bloco de vestidos plissados em tecido metalizado merece destaque, principalmente no look de saia longa com mega fenda lateral combinada ao blazer meio prateado usado por Laís Ribeiro. Síntese da coleção: sofisticada, sexy, contemporânea.
E o desfile podia ter acabado ali. O problema nas apresentações de Cris Barros é que elas são voltadas para as consumidoras finais, gerando assim um desespero de mostrar tudo _todos os produtos disponíveis. Com isso sua mensagem perde força e coesão. A parte final _cheia de franjas, pedrarias e looks de festa_ pesaram muito na edição e apagaram o brilho da apresentação que poderia ter sido impecável.