A 28ª edição do São Paulo Fashion Week aterrissa na Bienal sob o tema “Linguagens” materializado em estampas e instalações que garantem um show visual muito além das passarelas. A dobradinha entre a cenógrafa Daniela Thomas e o arquiteto Felipe Tassara, que nas últimas edições causaram frisson ao encapar as curvas da Bienal com papelão em efeito escultórico, desta vez restringiu o uso do material às salas de desfiles.
As nuvens de tags concebidas por Daniela Thomas e Felipe Tassara: a 28ª edição do evento traduz sua vocação para funcionar como uma central de comunicação © Priscilla Vilariño/FFW
Por dentro e por fora do prédio, nas áreas de acesso e amplas circulações traçadas por Niemeyer, os quase esquecidos lambe-lambes (aqueles adesivos ordinários banidos dos muros e postes da urbe pela lei de Gilberto Kassab) é que dão o tom. Estampados por palavras, símbolos e tag clouds familiares da geração digital, os cartazes ganham status de papel de parede reforçando a vocação de “hub” (central de comunicação) do evento.
Pictogramas com ícones da cultura pop e da Era digital: no círculo rosa, a performer burlesca Dita Von Teese © Priscilla Vilariño/FFW
Isso fica claro logo na entrada, onde o visitante é recepcionado por uma “floresta de sinalização”. Lá estão pictogramas da cultura pop que incluem Michael Jackson, Dita Von Teese e Darth Vader, entre outros ícones bem humorados, além dos verbetes que não saem da língua dos fashionistas. “Escolhemos as palavras mais procuradas numa infinidade de sites de moda para selecionar as que estampamos aqui”, diz Albino Papa, da equipe criativa de Dani Thomas e Felipe Tassara.
A incrível malha de monitores LCD interligados aos computadores que serviram como base de interação para os visitantes © Priscilla Vilariño/FFW
O grande destaque da cenografia nesta temporada do SPFW é a instalação über tecno “Your Life, Your Movie” (“Sua Vida, Seu Filme”): uma nababesca malha de monitores de LCD suspensos e interligados por cabos de aço e conectados a computadores que prometem interagir com o público. Um projeto que mistura a obra do artista uruguaio Fernando Velázquez com a visão da dupla brasileira. “Esses 40 televisores suspensos estão interligados às máquinas onde visitantes poderão digitar palavras aleatoriamente. A partir dessas palavras, o programa vai buscar imagens no Flickr para compor um curta-metragem exclusivo, com direito a trilha sonora personalizada. É como se cada expectador fizesse o seu próprio filme”, conclui Albino.
A floresta de ícones que recebem os convidados logo na entrada da Bienal © Priscilla Vilariño/FFW