Modelos da linha Premium da Converse. No alto: à esquerda, modelo de lantejoulas imitando camuflagem (R$ 239,90), e à direita, tênis com pelinhos, velcro e spikes (R$ 689,90). Abaixo: à esquerda, modelo com padronagem feita com lantejoulas (R$ 249,90), e à direita, modelo imitando pele (R$ 229,90) ©FFW
Mesmo sendo gerente de criação de uma das marcas mais famosas de tênis, ele jura que não sabe o que aconteceu nos desfiles da Dior e da Chanel, na segunda e terça-feira, quando as grifes colocaram modelos de tênis na passarela de alta-costura. Isso porque Vander Espinosa, gerente de criação da Converse Brasil, lidera uma equipe que está muito mais ligada ao que acontece nas ruas de cidades como Londres, Nova York e São Paulo do que nas passarelas.
É paradoxal. O time trabalha em Picada Café, uma cidade de pouco mais de cinco mil habitantes na Serra gaúcha, onde fica a CooperShoes, que fabrica os tênis Converse para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Assim como os olhos dos criativos não estão voltados para as passarelas, tampouco estão para o local onde eles estão sediados. O foco está no público que curte e usa Converse: a marca tem uma forte ligação com a música e com atividades urbanas como o skate e o grafite. Por isso, eles perambulam pelas ruas e festivais de música do mundo todo para compreender o que essa galera gosta e tem vontade de calçar.
A equipe no Brasil tem a missão de lançar duas coleções por ano. Algumas peças são as mesmas que estão na linha global, desenhada nos Estados Unidos, mas muita coisa é pensada diretamente para o consumidor local, de acordo com as peculiaridades regionais. Um dos exemplos do que vem de fora e é incorporado na coleção brasileira é a linha Premium assinada pelo estilista John Varvatos, que também será vendida por aqui. Dentro da Converse, a equipe brasileira é uma das poucas que lança coleções de forma sistemática: além deles, apenas Estados Unidos e Itália, sendo que existem também times de criação em Londres e Bélgica, mas que não fazem coleções inteiras nem por temporada. Um dos motivos de ter uma equipe de criação para o Mercosul é que há muita coisa que só faz sentido se pensada e fabricada aqui, como a linha Brasil: modelos com listras e estrelas em verde e amarelo, que serão vendidos nos próximos dois anos, pensados para este momento de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.
Além da questão do público, outro motivo que faz a equipe não dar tanta atenção às passarelas é a antecedência. Nesta quarta-feira, na apresentação da coleção Inverno 2014, eles já tinham a coleção Verão 2015 toda desenhada e já estão trabalhando nos esboços dos modelos para o Inverno 2015. A estratégia parece que tem dado certo: os jornalistas e blogueiros que participaram do lançamento pareciam gostar muito do que viram. Tudo bem que os modelos não são para todos os biótipos, nem todos os bolsos, o que significa que estão ali mais para serem olhados e desejados do que usados, mas é difícil não se apaixonar por pelo menos um parzinho. Veja a galeria abaixo e decida se é ou não verdade.
Os modelos chegam às lojas em março. No site da Converse dá para ver quais lojas vendem o modelo escolhido.