Julie Deane, fundadora da marca Cambridge Satchel Company, na cozinha de sua casa, onde tudo começou ©Reprodução
No dia 21 de abril de 2013, foi anunciado quem seria distinguido com um “Queens Award for Exporters and Inovators” e a marca Cambridge Satchel Company estava na lista. A empresa, fundada há somente quatro anos, hoje exporta para 110 países e foi reconhecida pela sua performance extraordinária. A grande questão é que a Cambridge Satchel Company é mais do que uma marca, é uma história de coragem e boas ideias.
Há cerca de quatro anos uma nova “it bag” surgia nos mais descolados blogs de moda. O modelo era simples, fabricado em diversas cores, tamanhos e formatos diferentes e o melhor de tudo: o seu preço cabia (e continua cabendo) no bolso. O que era? As bolsas da marca. Lembrando as antigas bolsas britânicas de colégio, as Cambridge Satchel tinham uma pegada meio vintage, que agradava a qualquer fashionista. As bolsas custam entre R$ 300 e R$ 500 e o e-commerce da marca entrega para todo o mundo.
Zooey Deschanel com a sua Cambridge Satchel personalizada ©Reprodução
Mas a história por trás delas também é inspiradora. A dona de casa Julie Deane começou a empresa porque queria colocar a sua filha e seu filho em um colégio particular. Sua filha Emily falou que não queria mais ir para a escola onde estudava, pois havia sido vítima de bullying. Julie tentou falar com a direção sobre o caso, mas, sem resultado, decidiu tirar as duas crianças da escola e procurar outra. Porém, a única que achou na vizinhança era particular e Julie não tinha como pagar. Então resolveu fazer um trabalho extra para conseguir arcar com as mensalidades das crianças. “Na época tinha R$ 1.800, a mesa da minha cozinha e o apoio da minha mãe”, conta.
Sem qualquer experiência de design, Julie foi até uma fábrica que trabalhava com couro e produziu uma primeira remessa de seis bolsas inspiradas na “satchel” que ela própria usava para o colégio quando criança. Fotografou a sua filha e as amigas em Cambridge usando as peças, criou um site em três noites com opção de pagamento por PayPal e enviou algumas peças a blogueiras de moda com um bilhete explicando o que era o produto e por que ela o estava fazendo.
Foi o que bastou. Rapidamente Julie estava recebendo mais de 70 e-mails por minuto pedindo mais informações sobre a bolsa, onde poderiam comprar e em que cores. O negócio explodiu e Julie criou coleções em parceria com marcas como a Comme des Garçons e a Basso & Brooke, apresentou a coleção em tons neon, produzida a pedido da revista “Elle” para a semana de moda de Nova York, criou uma opção de personalização e apareceu em blogs de street style nas mãos de atrizes, blogueiras e fashionistas mundo afora.
O lounge dedicado às blogueiras, que ajudaram Julie a divulgar a marca, na flagship em Covent Garden, em Londres ©Reprodução
Hoje, a empresa poderia pagar as mensalidades de todos os alunos da escola. O que começou com R$ 1.800 na cozinha de casa é uma empresa com uma fábrica própria, que produz cerca de 600 bolsas por dia, lucros anuais superiores a R$ 31 milhões e produtos colocados em lojas como Harrods, Harvey Nichols, Bloomingdale’s e a Saks. A marca é também uma das maiores apoiadoras de organizações anti-bullying do Reino Unido.
As bolsas criadas em parceria com a Comme des Garçons ©Reprodução
O corner de personalização na Harvey Nichols ©Reprodução
Um dos pontos altos dos últimos cinco anos, conta Julie ao “Huffington Post”, foi em dezembro passado, quando ela e a sua mãe foram convidadas por Samantha Cameron para um café no nº 10 da Downing Street, em Londres, residência oficial do primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron. O outro foi muito antes, quando comprou os uniformes do colégio privado para a sua filha e seu filho.
Julie e a sua mãe em frente ao nº 10 da Downing Street ©Reprodução
No vídeo abaixo, feito pelo Google Chrome como anúncio para uso de internet, você pode ver a história da marca em versão resumida: