O documentário Dior e Eu, de Frédéric Tcheng, mostra os bastidores do primeiro desfile do estilista Raf Simons para a grife francesa, Alta-Costura Inverno 2012. Pouco após o desfile de Verão 2016, Raf anuncia sua saída da Dior, deixando a marca nas mãos dos estilistas e artesãos cuidadosos do atelier, que irão assinar as próximas coleções de alta-costura, em janeiro, e de prêt-à-porter, em março.
Entre as personagens mais interessantes apresentadas no filme, estão Florence Chehet e Monique Bailly, as mulheres que comandam a equipe de costureiras da Dior, chamadas première. Ao vê-las em ação, a palavra que melhor as define é paixão. São mulheres entregues de corpo e alma à alta-costura, que realizam seu ofício com entusiasmo contagiante. Monique Bailly deu um depoimento para FFWMAG, que você pode ler abaixo e ver as imagens que mostram o trabalho no atelier de uma grande maison (que provavelmente entrará na passarela após o desfile assim como aconteceu quando John Galliano saiu da Dior). Veja a seguir:
“Meu nome é Monique Bailly. Tenho 64 anos. Trabalho na Dior desde junho de 2004, como première no Ateliê Tailleur (Alfaiataria). No meu ofício, existem duas coisas de que mais gosto. A primeira é o desenho, fazer o sketch técnico da toile, que é a tela em que são moldados os looks antes de ganharem o tecido final. A outra coisa é o relacionamento com a cliente, o processo de criar algo que vai deixá-la mais bonita, fazer uma peça de roupa única para uma mulher com todas as qualidades e imperfeições dela.
Nestes mais de dez anos na Dior, já fiz centenas de peças. Por esse motivo, é difícil eleger uma que seja a minha preferida. Acredito que cada coleção é uma aventura nova. Mas posso dizer que o que eu mais gosto de fazer são paletós. Quanto mais estruturados, melhor.
O que há de mais especial na alta-costura é o savoir-faire. Uma peça de alta-costura é, por definição, uma peça perfeita. Ela não perde a forma com o passar dos anos. O savoir-faire da alta-costura faz cada peça eterna.
Não posso dizer que fico emocionalmente ligada à roupa que costuro. A peça é feita para uma pessoa específica, uma mulher específica. Quando ela é finalizada, significa que veste essa mulher perfeitamente, que se encaixa perfeitamente ao corpo dela. É uma peça única para uma pessoa única. Se a cliente está feliz, então nós ficamos felizes.
Quando vejo tudo pronto, na passarela, com as modelos vestindo as roupas que costuramos, ainda há uma sensação de euforia que sempre se segue ao fim de uma coleção. Ficamos muito felizes e orgulhosas. É um sentimento muito forte compartilhado entre as equipes. Chego a chorar de emoção no fim dos desfiles.
Acredito que a alta-costura está totalmente ligada à paixão. Amamos o que fazemos e cada coleção é uma nova aventura e um novo desafio”.
Texto originalmente publicado na FFWMAG 41, já nas bancas. Compre aqui
+ Leia entrevista com Carlos de Souza, embaixador global da Valentino
+ Conheça Maxime Ballesteros, o fotógrafo que fala de sexo e destruição
+ Entrevistamos Giorgio Armani e interpretamos o Inverno 2016 da Emporio Armani em editorial
+ Conversamos com o diretor do filme “Tangerine”, feito com Iphone
+ O olhar, o estilo e os ideiais de cinco marcas da nova geração
+ Conheça Joséphine Le Tutour, modelo francesa e capa da FFWMAG