PARIS, 7 de março de 2010
Por Luigi Torre
Poucas capitais ao redor do mundo entram em tamanha sintonia com um evento como acontece em Paris durante a semana de moda. Em todos os cantos da cidade, é possível encontrar grupos de pessoas comentando sobre o assunto ou até mesmo importantes personalidades da indústria da moda (que vão de editoras até celebridades) pelas ruas ou tomando cafés nos charmosos bairros.
Além dos quase 100 desfiles que acontecem na Cidade Luz, uma quantidade enorme de showrooms e feiras de negócios aproveita a ocasião para apresentar novos produtos. Atmosphères, The Box, Rendez-vous, Première Classe, Paris Sur Mode e Tranoï são apenas algumas das mais conhecidas por concentrarem marcas de todo o mundo, inclusive do Brasil.
Na Paris Sur Mode, por exemplo, há um corner dedicado exclusivamente a moda brasileira, onde se encontram Alessa e Adriana Degreas. Na Tranoï, Carlos Miele, Isabela Capeto, Cecilia Prado, UMA Raquel Davidowicz e Coven dão conta de representar as terras brasilis numa das mais importantes feiras da temporada.
Cecilia Prado em seu espaço na feira Tranoï Femme © Augusto Mariotti/FFW
“Todos os compradores do mundo estão por aqui nesta época do ano”, contou Cecilia ao FFW. A estilista apresenta seu showroom em Paris há 9 anos, além de levar suas peças também a eventos similares em Nova York e Tóquio. Segundo ela, outra vantagem de mostrar em Paris é o formato das apresentações. Enquanto nas outras cidades os showrooms são quase como mini desfiles, aqui o contato é mais pessoal. “Bem tête-à-tête mesmo, e isso ajuda muito na venda”.
Isabela Capeto na Tranoï Femme em Paris © Augusto Mariotti/FFW
Isabela Capeto, que está no seu 16º showroom em Paris, conta também que boa parte dos compradores são asiáticos e do Oriente Médio. “O pessoal ‘das arábias’, como a gente brinca, está cada vez mais interessado na moda brasileira”, conta. O fato também se confirma para Cecilia Prado que tem no Oriente Médio e Ásia seus mais fiéis compradores.
O que eles procuram? “Roupas incrementadas”, responde Cecilia. “No Brasil, há uma preferência por roupas mais básicas, enquanto aqui os compradores procuram peças mais trabalhadas”. Para Isabela, o ponto forte são as decorações bem brasileiras. “Os vestidos com bordados e aplicações bem regionalistas têm feito o maior sucesso”.
Isso e o preço. De acordo com Isabela, depois da crise, compradores internacionais de todas as nacionalidades estão cada vez mais atenciosos aos preços. “O importante para eles é ter uma boa relação de custo e benefício”. Cecilia Prado ainda revela que “antes da crise, eles pouco se preocupavam com o valor das peças, agora a postura é mais consciente”.