Em sua primeira grande entrevista desde que foi anunciado como substituto do brasileiro Francisco Costa na Calvin Klein, em agosto de 2016, Raf Simons abre o jogo sobre sua relação com a moda e com a marca.
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Após grande expectativa, o estilista belga conquistou manchetes em veículos de todo o mundo com seu desfile de estreia e novas propostas para a marca. Tornou-se o grande queridinho do momento na moda americana e tem levado a sério a missão de dar cara nova à Calvin Klein, hoje uma das maiores grifes do mundo, com valor aproximado de U$8,4 bilhões. Desde que assumiu o comando criativo, passou a controlar cada segmento da marca, das peças de roupa às linhas Jeans, de objetos para casa, campanhas publicitárias e até fragrâncias.
Em entrevista à Vanity Fair, Simons fala, então, pela primeira vez sobre os desafios de tocar tal missão num cenário globalizado da indústria em que as marcas encontram, mais do que nunca, dificuldade em fidelizar clientes. E é justamente esse o seu objetivo. “Quando comecei, homens e mulheres costumavam abraçar as marcas que usavam. Agora, uma mulher pode usar uma bolsa de uma marca, um sapato de outra e roupas de uma outra. Acredito que quando alguém se conecta com uma marca de moda, não é apenas por causa das roupas. Roupas e moda são coisas diferentes”.
Comenta ainda sobre como lida com o legado deixado por Klein, a quem só conheceu pessoalmente meses depois de assumir a marca: “Se você me perguntar sobre as roupas de Calvin, eu não estou olhando tanto para isso agora. Não porque não quero ser respeitoso. É mais para me proteger porque tenho uma visão clara de onde quero chegar com a marca”, conta. “O que é mais importante para mim é a coragem que ele teve”.
Além de revelar fatos curiosos, como que gosta de Coca Zero, que tem vasos de cerâmica do Picasso no escritório, que a cama do seu cachorro tem pintura assinada por Sterling Ruby e ainda que seu couturier favorito não é Christian Dior, mas sim Cristóbal Balenciaga, Simons destrincha também sua relação com a moda. “Na verdade, nada começou para mim com moda. As coisas começaram com arte, design, cinema e música. A moda foi a última coisa que apareceu e é o que faço agora”, dispara. Diz que não se considera um artista, mas que gostaria de fazer arte e profere um “não” categórico quando perguntado se gostaria de virar tema de exposição como Rei Kawakubo, no MET, completando ainda que acredita que a moda não deveria estar em museus. “Para mim, é extremamente relevante que a moda funcione em seu momento no tempo. Eu não sou romântico sobre o passado. Uma vez que está feito, está feito. Eu sou romântico sobre o futuro”.