Inspirações: a coleção leva o nome de Youth in Motion e foi inspirada no filme Christiane F., de Uli Edel, lançado em 1981 e que marcou Raf Simons na época. Trata-se da história da jovem alemã que, aos 13 anos, tem experiências com drogas e prostituição e mostra a realidade de muitos jovens e seus vícios.
Inspiração 2: a peça Drugs, de Cookie Mueller e Glen O’Brien, escrita nos anos 80, também aparece como referência. Ela foi publicada como livro somente em 2016 e sua arte gráfica em amarelo e laranja fica bem clara na coleção (a foto do look amarelo que você pode ver abaixo é um exemplo).
No release: “Christiane F., em última instância, ainda é um conto cauteloso, que não tem nenhuma vergonha ou consideração ao retratar as realidades do uso e da dependência das drogas. Imagens de Detlev e Christiane F., os anti-heróis do filme interpretados por Thomas Haustein e Natja Brunckhorst, povoam Youth in Motion como marcadores emocionais por sua relevância persistente – tanto social quanto psicologicamente”.
Apologia às drogas? ao longo do desfile, viu-se o rosto de uma Christiane F adolescente estampado em algumas peças, assim como escritos com as palavras Drugs, LSD,GHB, etc em remendos em calças ou lenços. Obviamente não se trata de uma celebração às drogas, mas sim uma provocação. O designer explicou que o desfile não quis condenar ou glorificar a cultura de droga, mas sim “considerar a presença persistente e quase omnipresente de narcóticos (prescritos ou não) dentro de nossa sociedade e reconhecer nossas relações, muitas vezes conflitantes, com eles”.
Doação: parte do lucro com as vendas desta coleção será doada a uma organização que cuida de pacientes em recuperação do vício.
Cenografia: o cenário foi inspirado nas pinturas de natureza morta datas do século 16 na região de Flandres, na Bélgica (em inglês, são chamadas “Flemish still-life”). Pães, frutas, queijos, salames e garrafas de vinho foram espalhados estrategicamente na passarela, montada como se fosse uma grande mesa de madeira, posicionada bem próxima aos convidados, como quase sempre acontece nos desfiles de Raf. A cenografia também foi um símbolo do excesso, usada para reforçar as noções de moderação e a tendência jovem de se saciar mais com os olhos do que com o estômago. Toda a comida usada no show foi doada para a instituição City Harvest: Rescuing Food for New York’s Hungry
The table/runway. @rafsimons #nyfw https://t.co/zL9VKPi2Ns pic.twitter.com/5qkc7GJqbD
— Robin Givhan (@RobinGivhan) February 8, 2018
Cenografia 2: o que antes do desfile parecia um banquete opulente de tempos antigos, logo tomou outra cara assim que o desfile começou, com um show de laser colorido que evocava a cultura de noites e drogas de Berlim no fim dos anos 70.