Se a moda é o termômetro dos gostos e emoções que gritam nas ruas então Emicida e Fióti estão no caminho certo com a LAB. Num momento em que a palavra “empoderamento” engatilha discussões de inclusão por todos os lados, nada mais acertado. Já começa pelo casting misturando tipos de corpos diversos e com uma verdadeira presença de modelos negros, algo que se espera da moda. Seu Jorge desfilando com uma saia longa plissada. Plateia ovacionando modelos plus size. Presenças na fila A como a de Criolo. O mundo já é outro. O Brasil é outro. E foi hoje em São Paulo, no SPFW, que mais um capítulo da mudança dos tempos foi construído.
Veja destaques do desfile da LAB, de Emicida e Fióti.
1. Transformação!
Entrar no lineup do SPFW é algo literalmente transformador pra LAB, como contou pro FFW o produtor Fióti. “A gente estar aqui hoje me faz sentir que estamos passando nossa mensagem. Transformação é a palavra. Você pensa que é uma palavra simples, mas não é. Ela é algo interno que traz muitos movimentos”, ele disse no backstage da LAB, antes do desfile começar. Transformação pros irmãos da LAB é poder dar recado de evolução, inclusão, novos protagonismos. “A gente sabe que transformamos os lugares por onde passamos com a nossa música e na moda vai ser assim também. As pessoas nos seguem não pelo que a gente vende, mas pelo que a gente prega”, afirma. A inclusão é o que mais aparece, de cara. Um casting misturado, bem street, pensando em diversos tipos, corpos e cores. “Negro, branco, homem, mulher, gay, gordo, magro, o importante pra gente é a rua, é quem anda por aí de verdade”, contou João Pimenta.
2. See now, buy now
Desfilou, comprou. Não todas as peças serão vendidas, mas grande parte do desfile já foi feita para ser comercializada. “O Thiago Ferraz achou ótimas soluções no styling pra gente mixar peças conceituais com as que vão ser vendidas imediatamente”, disse João Pimenta. As mais “conceituais” são, por exemplo, os quimonos, que vão ser produzidos em pequena escala. Camisetas, bermudas, tênis e outras fundamentais estarão disponíveis no site da venda online da LAB assim que o desfile terminar.
4. Africano, mas global
A inspiração nos tecidos angolanos foi crucial para a criação da coleção, mas ela vem transformada em algo global, mais moderno e menos tradicional. Estampas foram desmembradas em trechos, detalhes pequenos ganharam zoom: a ideia foi fazer uma releitura da tradição, com um gosto contemporâneo.
5. Origami nos looks
Uma jogada interessante foi colocar alças por dentro de jaquetas, como se fossem mochilas, para que ficassem penduradas ainda que retiradas. Algo que conta bem o comportamento street, funciona como um moletom amarrado, forma uma espécie de origami, dobradura que fica ainda em contato com o corpo. A ideia foi desenvolvida com o stylist Thiago Ferraz.