Em fevereiro deste ano, a Hood by Air cancelou inesperadamente o desfile de seu Inverno 18, que seria apresentado excepcionalmente durante a semana de moda de Paris, substituindo Nova York. Em seguida, no início de março, a editora-chefe da revista Dazed, Isabella Burlley, foi nomeada à nova posição de “editora em residência” da Helmut Lang, levando seu olhar do mercado editorial e o network de talentos criativos para influenciar a nova fase da marca. De cara, um dos talentos levados por Burlley foi Shayne Oliver, cofundador da Hood by Air, para fazer uma coleção especial para a Helmut Lang – o que imediatamente despertou frenesi entre fashionistas e um boato sobre o fim da marca de Oliver logo foi lançado.
Até que, ontem (06.04), a HBA divulgou à imprensa que fará um hiato por tempo indeterminado, embora “continuará a executar sua visão criativa num futuro próximo”. Isso porque o duo fundador irá se dedicar aos projetos pessoais: Oliver assina a coleção feminina, masculina e de acessórios da Helmut Lang, que será apresentada em setembro próximo; e a CEO Leilah Weinraub foca na carreira cinematográfica enquanto produz o documentário Shakedown, sobre um strip club de lésbicas negras em Los Angeles, com estreia prevista para o mês que vem na bienal do museu Whitney, em Nova York.
Shayne Oliver, finalista do LVMH Prize em 2014 e vencedor do Prêmio Swarovski de moda masculina do CFDA no ano seguinte, é quem encabeça a Hood by Air, um coletivo underground fundado em 2006 nos moldes da Vetements (de certa forma, a estética de ambas as marcas se aproximam, aliás).
A marca, que já havia dado um tempo entre 2009 e 2012, ficou conhecida por seu intrépido streetwear que quase converge com o couture, conquistando rapidamente uma legião de fashionistas (Rihanna e A$ap Rocky entre eles) ao se tornar um dos hot-tickets da semana de moda nova-iorquina. Seus desfiles impactantes sempre apresentavam interessantes castings de “não modelos”. O Verão 17, por exemplo, foi patrocinado pelo site pornô PornHub e teve até Wolfgang Tillmans desfilando. A marca também é grande representante da comunidade LGBTQ. Em uma recente coleção cápsula, Oliver se inspirou na comunidade gay da Jamaica, país onde a homossexualidade é proibida.