ISTAMBUL, 25 de agosto de 2010
Pouco tempo depois das 9h da manhã, quando a temperatura ainda não ultrapassava a casa dos 30ºC e o sol ainda estava agradável, a Istanbul Fahion Week ganhava sua abertura oficial no prédio da faculdade de arquitetura e design da Universidade Taskisla, uma construção muito imponente erguida em 1853. É lá onde acontecem a maioria dos desfiles e também a primeira edição do salão de negócios Collection Première Istanbul (CPI).
Entrada da Istanbul Fashion Week ©Augusto Mariotti/FFW
Com entrada opulenta, a instalações dão sinais do rico passado cultural do país _o prédio foi construído para ser usado como sede do exército otomano. O local conta com apenas uma sala de desfile com capacidade para 600 pessoas, mais uma salão onde se encontram os stands das marcas participantes do CPI. Porém, o que parece mais agradar convidados, imprensa e compradores é o grande jardim onde são servidos cafés e quitutes entre os intervalos das apresentações.
Como de praxe em outras semanas de moda no mundo, a abertura oficial ocorreu com uma coletiva de imprensa reunindo o ministro das relações exteriores, Zafer Çağlayan; o diretor da Comissão de Marcas Exportadoras, Hikmet Tanrıverdi; o diretor-assistente da Agência Istanbul 2010 Capital Cultural da Europa, Ataman Onar; o diretor do Conselho Turco das Exportações, Mehmet Büyükekşi; o diretor da Comissão de Diretores do CPI, Volkan Atik; o diretor da Comissão de Consultoria da IFW, Süleyman Orakçıoğlu; e a presidente da Associações do Estilistas, Bahar Korcan.
Os cabeças da IFW durante a abertura do evento ©Divulgação
Durante a discussão foram ressaltados mais uma vez os planos ambiciosos da Turquia em relação a sua indústria de moda. Até 2023, os organizadores pretendem fazer da IFW a 5ª semana de moda mais importante do mundo. Com isso pretendem mudar a imagem que o país tem como mero fornecedor de tecidos e produtos para o resto da Europa.
Segundo dados apresentados durante a coletiva, a Turquia possui alguns fatores a seu favor. Começando pela nomeação de Istambul como a capital cultural da Europa, fato que colocará uma lente de aumento sobre o maior evento de moda do país. Some-se a isso a expertise têxtil, mão de obra qualificada e vasto repertório cultural de mais de mil anos. “Tudo isso trabalhado de forma muito sutil nas coleções, quase como um perfume, mas de forma totalmente contemporânea”, explicou a estilista Bahar.
A crise financeira que desvalorizou o Euro em toda a Europa pode também operar a favor da Turquia. “Em 2009, enquanto todos os outros países europeus enfrentaram quedas nas exportações, a Turquia apresentou crescimento”, disse o diretor da Comissão de Marcas Exportadoras, Hikmet Tanrıverdi.
Exportações essas que hoje são 80% voltadas ao mercado europeu, sendo principalmente de tecidos e aviamentos. Porém, o setor começa a perceber uma necessidade de investir não mais em preço, e sim em qualidade.
Estudos de diferentes bureaus apontam que os consumidores hoje estão cada vez mais conscientes na hora da compra. Dão mais valor a uma peça com bom design e qualidade. E é pensando assim que a Turquia pretende conquistar novos mercados a partir da criação de um núcleo consistente de moda. “A crise nos ensinou a explorar todos os mercados possíveis”, afirmou ministro das relações exteriores, Zafer Çağlayan sobre a vontade de expandir os negócios do país para além da Europa e Oriente Médio (os dois principais importadores de produtos turcos).
“Temos a manufatura, temos mão de obra qualificada, temos matéria-prima de qualidade, o que falta mesmo é investir nas marcas nacionais”, conta Zafer. Para isso o governo turco hoje dispõe de uma série de mecanismos que ajudam grifes locais a se estabelecer tanto interna como externamente. Financiamentos com duração de até 10 anos, apoio para campanhas, ações de marketing e desfile, além de fornecimento de materiais e mão de obra, que acabam gerando emprego e fazendo a indústria girar.