A estilista Jal Vieira lança nesta quinta (20.05) a coleção Realeza, inspirada nas mulheres de Wakanda, país fictício do filme Pantera Negra, um marco na representatividade e diversidade no mundo do entretenimento. A iniciativa, a primeira investida hiperlocal da Marvel Studios, faz parte do projeto Marvel Diversidade. “Ainda que seja uma história fictícia, de uma possibilidade de futuro preto, muito pautada no afrofuturismo, ainda são histórias e trajetórias que se aproximam das nossas” conta Jal.
A estilista ainda reforça a importância de uma iniciativa como essa já que, crescendo, quando decidiu trabalhar com moda, tinha dificuldade de se enxergar nas figuras e personalidades da indústria.
Jal Vieira nos revela que a coleção é apenas o pontapé inicial de um macro-projeto que a Marvel tem trabalhado em prol da diversidade, de trazer mais corpos pretes para as artes. a estilista pontua a liberdade criativa que lhe foi concedida pela Marvel na elaboração desse projeto, da concepção ao resultado final.
–
“Representatividade não é só quem estampa a campanha, é quem está por trás também (…) Todo o processo, 90 a 95% dele foi composto somente por pessoas pretas”.
–
Sobre a coleção, Jal Vieira traça um paralelo importante entre as mulheres de Wakanda – que, apesar de ser um filme protagonizado por um homem, mostra uma sociedade quase que inteiramente movida por mulheres – e a mulher preta brasileira, peça central da família e da sociedade brasileira. Bem como as mulheres de Wakanda, que ainda se apresentam como guerreiras e estudiosas no conceito afrofuturista do filme, as roupas de Jal, que adquirem novos contornos com o movimento e a dança, também servem como armaduras para que essas mulheres enfrentem as dificuldades de uma realidade que nem sempre está do seu lado.
Já na texturização, carro-chefe do trabalho de Jal, ela trabalhou com o conceito de nervuras: “Essas nervuras formam inúmeras camadas que, simbolicamente, para mim, representam quem veio antes de mim, para que minha história e a história das minhas pudesse ser contada” conta. “As roupas, ainda que grandes, são estruturadas, tecem movimentos orgânicos em um equilíbrio exatamente entre essa resiliência que nos é cobrada enquanto mulheres pretas e da humanidade e do afeto” continua.
“Um dos looks, chamado Morada fala justamente sobre isso, a possibilidade de um lugar seguro para voltar” conta Jal. Na estamparia, ela foca na Erva-Coração, erva que dá os poderes ao Pantera Negra, mas que é cultivada pelas mulheres pretas de Wakanda, cruciais para o desenvolvimento daquela sociedade, bem como da brasileira.
“Uma das primeiras cenas a aparecer no início do ritual do Pantera é a da mão de uma mulher retirando a erva fincada na terra. Raízes essas que fincam a história dessa população. Então, aqui, me permiti fazer uma analogia das ramificações dessa planta tão poderosa, à ramificação e o fincar da história desse povo.” Conta Jal.
As peças e acessórios em edição limitada serão vendidas com exclusividade na Farfetch. Além disso, a Converse, conhecida pelo seu famoso modelo All Star, apoiou a coleção com pares da silhueta Chuck 70 para serem customizados e comporem o look da coleção e que também serão vendidos na loja online.
Além da coleção Realeza, a estilista também desenvolveu estampas exclusivas para uma coleção de camisetas da ONG Orientavida, projeto social que orienta e capacita mulheres por meio do artesanato, oferecendo oportunidade de renda e autonomia. As peças serão vendidas no site da ONG e na Farfetch por R$240.
Confira o making off exclusivo do processo criativo de Jal Vieira para a criação da coleção Realeza.