Kim Jones deixou a direção criativa do masculino da Louis Vuitton em janeiro. Muitos achavam que ele poderia seguir para a Versace ou Burberry – que, logo saberíamos, viria a ser dirigida por Riccardo Tisci. Hoje foi confirmado o novo emprego de Jones: assumir a Dior Homme no lugar de Kris Van Assche, que ficou 11 anos na marca.
Jones mostrará sua primeira coleção para marca daqui a pouco, em junho, na semana de moda masculina em Paris. “Estou muito feliz em receber Kim Jones na Dior Homme. Ele irá se beneficiar do apoio das nossas equipes e do savoir-faire do ateliê para criar um guarda-roupa masculino clássico e elegante ancorado na cultura contemporânea”diz Beccari, novo CEO da Dior, em um comunicado. Sobre Van Assche, ele disse: “Agradeço a ele por contribuir com o incrível crescimento da Dior Homme. Ele escreveu um importante capítulo na história da marca e teve papel fundamental na sua evolução”.
De fato, o designer belga fez um ótimo trabalho na Dior. Ele entrou para substituir Hedi Slimane, o homem que implantou a linha masculina dentro da Dior e desde então foi ganhando cada vez mais respeito por parte da imprensa especializada. Van Assche entrou na marca em 2000, saiu em 2004 para criar sua própria marca e retornou em 2007 após a saída de Slimane. Em 2015 encerrou sua grife na renovação de seu contrato com a Dior Homme. Foi anunciado que ele cuidará de um novo projeto dentro do grupo LVMH, grupo detentor da Dior.
Mas nada se compara ao que Kim Jones conseguiu fazer na Louis Vuitton. Ele pegou uma marca adormecida e injetou uma energia mais jovem e multicultural. Ao longo de seus sete anos de trabalho, tornou a grife competitiva e desejada com suas coleções que misturavam os clássicos ao streetwear. Recentemente, fez uma colaboração com a Supreme, que foi uma das parcerias mais comentadas e bem sucedidas da história recente do segmento de menswear.
Seu último desfile para a marca, de Inverno 18/19, aconteceu sob uma atmosfera emocionante com Kate Moss e Naomi Campbell na passarela e uma primeira fila estrelada: David Beckham, Neymar, Xavier Dolan e os estilistas da nova guarda da moda, Grace Wales Bonner e Craig Green.
Trazendo um olhar contemporâneo para uma marca tradicional e reconhecida por acessórios de viagem, Kim foi aos poucos abrindo caminho e posicionando a Louis Vuitton Men no topo das marcas masculinas mais desejadas. Ele foi um dos nomes responsáveis a criar um streetwear de luxo e foi seguido por várias outras marcas. Por isso, o anúncio de sua saída em janeiro não fazia muito sentido – afinal, não se mexe em time que está ganhando. Mas como LV e Dior pertencem ao mesmo grupo, os movimentos são mais estratégicos e as negociações mais fáceis.
É fato que a Dior Homme sai ganhando, mas o que irá acontecer com a Louis Vuitton? Ela irá manter a pegada streetwear ou seguirá outro caminho? Se depender dos rumores de que Virgil Abloh pode entrar no jogo, certamente a semente que Jones plantou ainda dará muitos frutos.
Ainda resta saber para onde vão Van Assche, Phoebe Philo (saiu da Céline, ocupada por Hedi Slimane) e Christopher Bailey, que deixou a Burberry.