Cores suaves e geometrias na coleção de Verão 2013 da Maria Bonita ©Juliana Knobel/FFW
A primeira coleção da Maria Bonita pós-Danielle Jensen foi apresentada esta quarta-feira (11.07) à imprensa e convidados, na sua loja dos Jardins, em São Paulo. Depois que Danielle saiu da marca, em março deste ano, as expectativas em relação ao que a nova equipe de estilo manteria e mudaria eram altas. A coleção de Verão 2013, que chegará às lojas na segunda semana de agosto, procurou manter o DNA da marca, inserindo algumas características que a equipe sentiu que estavam em falta.
Inspirada na construção da obra do artista plástico carioca Milton DaCosta, na sua fase modernista dos anos 50 e 60, a coleção se apoia nos elementos geométricos e linhas retas dos seus desenhos para criar peças com intervenções gráficas e sobreposições de materiais e tecidos.
Imagens da obra de Milton DaCosta que inspiraram a coleção ©Julianan Knobel/FFW
Resgatando os formatos mais justos ao corpo, a coleção respira feminilidade e verão em peças leves e de cores suaves, sempre com uma interferência de um material ou de uma cor mais forte, reforçando a ideia de geometria. Os destaques da coleção vão para a mistura de materiais e as técnicas com que foram trabalhados, e também para a mistura de cores acqua como amarelo, rosa e verde com off white e detalhes em marrom e em tecidos com brilho.
A geometria nas peças é conseguida com tecidos cortados e fusionados como, por exemplo, cortes a laser no cetim que é fusionado na organza, criando uma estampa única. A seda aparece com estampas digitais e, em algumas peças, com efeito laqueado e envelhecido. As malhas são resinadas para dar brilho à peça e complementadas com detalhes e interferências em couro. Os shorts vêm com força para o verão, combinados com blazers no mesmo comprimento, em soluções de conjuntinho. As blusas são mais longas para serem usadas com calças secas e normalmente são mais curtas na frente do que atrás. O macacão, peça forte na Maria Bonita, surge com materiais novos como a malha de cinta, que fica bem justa no corpo em cima; em baixo, um algodão bem estruturado.
Detalhe do vestido de tule e neoprene fusionado com seda e aplicações de massa cerâmica. A massa foi originalmente desenvolvida para a moda praia, para ser usada em biquínis ©Juliana Knobel/FFW
Detalhe do casaco de seda com estampa digital e trabalho de laca — o amassado dá ar de envelhecido ©Juliana Knobel/FFW
Na alfaiataria a marca trabalhou os recortes e a geometria na construção da peça. O trabalho de dobradura foi desenvolvido analisando a obra de Milton DaCosta, principalmente os desenhos gráficos das bonecas com linhas cortantes que parecem dobras. Os acessórios, que introduzem sapatos de salto mais femininos, também foram construídos com base na geometria. O destaque vai para as carteiras em couro emborrachado com um efeito fosco.
Depois de conhecer todas as peças da coleção, o FFW conversou com Annelise Carvalho, integrante da equipe de estilo dirigida por Luiza Bomeny, sobre o novo processo criativo e as mudanças que poderemos ver na marca.
O que a equipe de estilo está trazendo de novo para a marca?
Estamos resgatando a feminilidade, buscando decotes, transparências e leveza. Estávamos com uma roupa muito conceitual, que tendia pra arte e estava sendo difícil de usar, e que não favorecia a forma da mulher. Então a tentativa é de resgatar o que a marca tinha ainda na época da Maria Cândida [Sarmento, fundadora da marca], em que a roupa era assim, mais próxima do corpo, mais feminina.
E o que estão mantendo?
A marca trabalha com brasilidade então a gente procura sempre manter um tema que trate de uma região ou de um artista plástico. Não eliminamos os elementos que a marca tem – em alguns momentos, a nossa roupa tem um quê de masculino. Nos sapatos, na calça, no terno… Mantivemos isso e acrescentamos essa roupa mais feminina criando uma mistura das duas coisas. Então tem alfaiataria, terno, que se usa com blusa decotada e com salto, que acrescentamos aos acessórios, que já eram uma parte forte da marca. Mantivemos o que identificamos como forte na marca, que a nossa cliente busca, mas trouxemos também aquilo que ela estava reclamando que estava perdendo, que é essa roupa mais feminina.
Como é o processo de trabalho agora?
A equipe de estilo tem sete pessoas. Discutimos as ideias e a Luiza, nossa diretora de estilo, filtra essas ideias. Cada um trabalha com o seu expertise, mas acaba sendo muito colaborativo porque a gente trabalha junto na mesma sala e damos opinião sobre as coisas uns dos outros. Vemos a coleção sendo construída. Quando ela fica pronta, nós a penduramos e temos uma reunião sobre o que acreditamos que realmente pode seguir em frente ou não — é quando incluímos a equipe comercial. Trabalhamos todos de forma igual, com a mesma força.
E quando a Maria Bonita vai voltar a desfilar?
Queremos voltar, mas precisávamos pontuar esse momento, parar, respirar e procurar a essência da marca. Não sei uma data, mas a gente quer muito voltar! Foi só uma parada para ver quem somos e o que precisamos, e para resgatar algumas coisas das quais sentíamos falta.
Veja na galeria abaixo mais imagens da coleção: