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    Moon river cha cha: Conheça o stylist mineiro Matheus Lomonte

    O criativo tem entre admiradores nomes como Francesco Rizzo, Marc Jacobs e Lotta Volkova

    Moon river cha cha: Conheça o stylist mineiro Matheus Lomonte

    O criativo tem entre admiradores nomes como Francesco Rizzo, Marc Jacobs e Lotta Volkova

    POR Redação

    Por Vinicius Alencar

    A primeira vez que vi Matheus, sem sequer saber seu nome e que ele era brasileiro, foi no perfil de Francesco Risso, diretor criativo da Marni, em 2018 – se não me engano. Até que em maio deste ano, ao ser convidado para o aniversário de um amigo, Conrado Pedroso, me chamou atenção o look de um dos convidados, que parecia ter saído diretamente de um desfile da Miu Miu, até que lembrei, juntei as peças e descobri de onde vinha aquela sensação de conhecê-lo.

    Ao contrário dos seus looks exuberantes, que misturam padronagens, brocados, estampas florais, silhuetas com forte perfume vintage e uma dose extra de maximalismo, Matheus Lomonte é discreto em si, silencioso, observador, introspectivo, daqueles que conseguem atrair todos os olhares mesmo estando em uma sala repleta de pessoas; e ser ouvido, mesmo entre gritos e gargalhadas. Após alguns outros encontros o convidei para um bate-papo, que não chega a ser um perfil, mas revela parte de uma personalidade inquieta, inspiradora e única, como pode se ler na sequência.

    “Minha formação, por bem dizer, foi feita através de cinema, literatura e museus. Meu professor preferido foi o Google

    foto: pedro macedo para A magazine Curated by

    foto: pedro macedo para A magazine Curated by

    Meu nome é Matheus Lomonte, tenho 32 anos, stylist, sou mineiro da Zona da Mata, fica ali no maxilar do homem de chapéu. Minha formação, por bem dizer, foi feita através de cinema, literatura e museus. Meu professor preferido foi o Google“, se introduz. Ao ser questionado de onde surgiu o seu interesse por moda e revelar que “talvez dos almoços de sábado na casa da minha avó, ouvindo em silêncio o que minhas tias diziam estar na moda”, muito faz sentido; em seu perfil no Instagram há uma série de imagens de mulheres que aparentam ser donas de casa dos anos 1950, misturadas à divas do cinema, ícones pop e desfiles, que vão dos anos 1980 a 2000, além de suas produções, muitas delas fotografadas pelo seu namorado Pedro Marfa.

    Ao adentrar naquele universo nota-se um humor peculiar, escapista, onde fantasia e realidade parecem conviver em harmonia. Esse toque de conto de fadas é sentido com frequência: “Assim como a Griselda que construiu sua casa de doces no meio da floresta para depois ser devorada por duas crianças, este pode ser um exemplo da arquitetura na minha história“, acrescenta ele sobre sua trajetória.

    Admiradores ilustres

    A verdade é que apesar de ser ainda pouco conhecido na indústria nacional, Matheus chama a atenção de nomes internacionais. Entre seus seguidores ilustres no Instagram estão Marc Jacobs, Guillaume Henry, diretor criativo da Patou, a stylist Lotta Volkova e, claro, Francesco Risso com quem colabora criativamente desde 2017 na italiana Marni. Antes disso, ele relembra que seu primeiro trabalho profissional com a moda foi com o stylist Benoit Bethume, para diferentes projetos, dentre eles, o Mémoire Universelle. 

    foto: Mark Lyon para Memoire Universelle

    foto: Mark Lyon para Memoire Universelle


    Foi lá em 2013, há quase dez anos atrás, que eu criei a minha conta no Instagram, com um Samsung todo pintado de esmalte com glitter e adesivos de anjinhos, nessa época eu lia muito o extinto site Rookie Mag onde muito se falava sobre cultura pop, moda e feminismo. A Tavi Gevinson era editora. Aprendi muito com garotas adolescentes“, revela. Em um mundo de números e que a expressão influencer faz olhos revirarem, é irônico pensar que o Instagram foi uma vitrine para tantos criativos se conectarem – especialmente em um momento que usuários da rede social pedem para que ela volte às suas origens.

    Moon River Cha Cha Cha

    Quando questiono se o seu arroba foi inspirado na canção de Henry Mancini, eternizada por Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo, ele confirma: “é a minha música preferida de todos os tempos.  Ela é uma música simples, com um apelo ingênuo fala de aventuras e amores”. E acrescenta: “Hoje em dia tenho escutado bastante jazz, o que faz muito sentido em vista do momento em que estou vivendo, em uma nova cidade com uma energia de originalidade, transformação e até mesmo improvisação que é São Paulo e também por influências do escritor Haruki Murakami que tenho lido bastante ultimamente”. Inclusive é entre SP e Rio que ele tem feito seus primeiros trabalhos com marcas locais, como Toca, Lo de Lui, Wai Wai e Gla – onde atuou frente as câmeras. 

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    Matheus Lomonte. Foto: reprodução Instagram

    Para finalizar, faço duas perguntas, que quase se tornaram obrigatórias a criativos que admiro, a primeira é sobre processos de criação: “sobre o meu processo criativo, vou citar um ditado popular que pessoalmente eu me identifico, ‘mente vazia oficina do diabo’. Por mais mundana que a ação seja (no meu caso um banho quente ou simplesmente ficar deitado), fico nela por tempo suficiente em contemplação, quase meditativo e assim as conexões neurais começam a acontecer”.

    E a segunda um conselho a novas gerações que queiram trabalhar com moda: “Não tenho conselhos para dar, conselho se fosse bom a gente vendia. O Marc Jacobs costuma dizer em suas entrevistas que ele não acredita em dar conselhos, e sim compartilhar experiências e se isso de alguma maneira ressoa, significou alguma coisa. Acho que isso faz bastante sentido, visto que somos pessoas únicas com diferentes vivências”. Resposta que talvez faça eu reformular esse questionamento nas minhas próximas entrevistas… Obrigado, Matheus! 

    Para seguir @moonriverchacha

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