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    Multimarcas: Conversamos com Carla Ribeiro, fundadora da Pair Store
    Carla Ribeiro, fundadora da Pair / Cortesia
    Multimarcas: Conversamos com Carla Ribeiro, fundadora da Pair Store
    POR Camila Yahn

    A multimarcas Pair tem apenas dois anos e meio de via, mas já se posicionou como uma das principais lojas em seu segmento. Lançada por Carla Ribeiro primeiramente no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, a loja nasceu com um conceito interessante: absolutamente tudo que vendia era preto ou branco. O que poderia criar dificuldades dos dois lados – para Carla ter um volume de peças significativo para vender e o consumidor ter mais escolhas para comprar – acabou determinando a personalidade da loja e encontrando seu nicho com mais objetividade.

    Atualmente, a Pair está localizada na rua da Consolação nos Jardins, e virou o ponto para quem gosta de moda mais minimalista e também quer sempre conhecer novidades. São 15 marcas, das super novas, como Aluf, às já bem conhecidas, como Uma, passando por um grupo que vem ganhando cada vez mais fãs, como Beira e Haight. Um dos principais trabalhos de Carla é estar atenta a novos talentos com produtos que combinam design e qualidade. Com uma equipe de apenas quatro pessoas, ela sai em busca de marcas que se encaixam na proposta da marca e cria conteúdos para suas plataformas digitais, sempre envolvendo uma turma criativa que fotografa, “modela” e tem boas ideias juntos.

    Abaixo, Carla conta um pouco sobre o negócio das multimarcas e sua busca por novos designers:copiadefullsizerender

    Da primeira versão da Pair até hoje, quais as principais mudanças que você viu acontecer?

    A Pair tinha como projeto inicial trabalhar com moda, casa e design. Com o tempo percebi o interesse maior pelos clientes em moda e foi quando decidi ampliar as opções na curadoria. No início tive dificuldade como multimarcas devido ao número de peças serem mais limitados por conta do conceito preto e branco. Eu não poderia comprar uma coleção como um todo…

    Outro ponto é que eu não era conhecida no mercado de moda e tive até algumas recusas, o que faz parte. Isso também mudou bastante, hoje as marcas pensam na Pair no decorrer do desenvolvimento de produtos. Outra mudança que percebo é a diversidade de público que conseguimos atingir. No começo, o público era mais jovem e hoje temos clientes de idades e gêneros diversos.

    Como funciona a curadoria da loja e quem cuida dessa parte?

    O meu radar está sempre ativo, pesquiso bastante, principalmente através das redes sociais, e quando me interesso faço um primeiro contato para conhecer melhor o conceito da marca. Não penso somente nas coisas que eu gosto e usaria, penso também nas pessoas que admiro e gostaria de atingir, hoje a minha visão é muito direcionada ao público que conquistei e também naqueles que eu quero conquistar. Recebo muito material de marcas por email e a primeira coisa que faço é checar o Instagram, que acredito ser a ferramenta mais importante. Penso muito em materiais que gostaria de trabalhar e vou em busca de quem produz. É um movimento eterno e estou só começando! Eu faço a curadoria, mas compartilho tudo com a minha equipe criativa, preciso da aprovação e do olhar deles. Aqui na Pair, todos são treinados para ter atenção total no que podemos realizar de novo, no que está acontecendo, etc… Todo mundo é muito participativo, é algo que vai muito além da função de cada um.

    O que chama atenção na hora de escolher vender uma marca?

    O design é importante e uma das marcas que a gente tem isso bem acentuado é a Beira, que tem um shape especial, acabamento perfeito e são peça únicas como design. Com relação as outras marcas, o design influencia claro, eu penso no público que eu atendo para poder escolher. Temos marcas que têm suas lojas próprias, mas quando entram dentro da Pair, acaba que vira uma outra roupa. A gente vende desde o básico (uma camiseta branca, uma skinny preta) a peças especiais.

    Você comentou comigo uma vez que entendia do business, mas não da moda em si. O que você tem aprendido em relação a isso?

    Eu tenho uma noção de business por causa do meu trabalho na Micasa (loja de design, arquitetura e arte contemporânea), onde sou Diretora de Estilo há 20 anos. Sempre acompanhei a moda, mas de uma forma muito tranquila – minha referência principal sempre foi a Maison Margiela. Agora, tira tudo isso e começa do zero? Muda tudo quando o negócio é seu, quando depende de você para tudo, quando você precisa aprender e fazer coisas que nunca imaginou que precisaria. À princípio tudo era lindo, as ideias, as possibilidades, mas existem questões burocráticas que eu tinha pouquíssima experiência. No primeiro momento, o belo trouxe alguns monstros e eu me ví ali despreparada. Mas não tive outra opção a não ser enfrentar e tentar aprender… Isso me trouxe um conhecimento muito grande. Ainda estou aprendendo.img-0155

    Você vem do ramo de decoração. Quais as principais diferenças em manter uma loja de móveis e uma de roupa?

    Continuo no ramo de decoração e design, me afastei por um curto período quando abri a Pair, mas voltei um tempo depois e hoje me divido entre a Pair e a Micasa.  O design para mim é muito importante, me emociona e me alimenta verdadeiramente! Acredito não haver muitas diferenças. Uma loja de design ao contrário do que algumas pessoas imaginam, é muito ativa e mutante, a todo momento tem novidades, projetos, eventos, lançamentos, uma infinidade de coisas para cuidar e realizar. No caso da Pair, como optei por uma loja conceito, acredito que a manutenção seja a mesma. Trabalho com uma estética que envolve o tempo todo estar atenta e aberta a novas possibilidades. A Pair não é uma loja muito grande, então tudo tem que ser bem pensado para ser bem apresentado.

    Como foi / é a aceitação do público por uma loja que vende apenas preto e branco? Você sente alguma resistência ou acha que é mais fácil por ser direto no target?

    No início as pessoas perguntavam muito, porque só o preto e branco? Ficavam curiosas… hoje em dia não questionam mais! Não sinto uma resistência, ao contrário, acho um pouco difícil alguém que não goste da idéia, mesmo uma pessoa que prefira mais cores. Pode parecer mais fácil a escolha por se tratar de preto e branco, mas é um trabalho especial. Quando você se aproxima de uma arara cheia de peças pretas, às vezes acaba se confundindo muito, mas o processo do atendimento especializado é muito importante neste momento.

    Como você busca os novos estilistas e designers?

    Tenho percebido que existe um movimento de jovens designers estou bastante atenta em relação a isso porque tem pessoas muito talentosas e que estão se arriscando, inclusive com novos materiais. Por exemplo, a gente tem a Luisa, que é da Aloof, que faz brincos-esculturas de cerâmicas. Ela me apresentou e eu gostei de cara. A Luisa é muito nova, sua marca é muito nova e eu acreditei tanto no discurso dela quanto no produto, no material, no feito a mão. Na hora coloquei na loja. E está sendo um sucesso.

    Meu principal movimento hoje é trabalhar mais de perto com jovens designers que estão abertos a dividir informações e experiências. Minha ideia é ter mais opções para os clientes porém com tiragem pequena, sempre com uma assinatura.

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    As lojas hoje também criam conteúdo. Como vocês trabalham essa parte?

    Acho importante oferecer algo além da compra em si. Acredito que o ideal seja sempre mostrar algo a mais. Infelizmente meu tempo é muito curto por conta do trabalho paralelo com a Micasa, mas quero para um futuro próximo criar ações que tragam experiências interessantes, desde gastronomia, música, campanhas solidárias, etc…

    A gente traduz nosso mood através do site, numa seção que chamamos de Journal, com posts do universo do pb, de cinema, música e arte. E no Mood tentamos expor o nosso dia a dia com materiais produzidos pela nossa equipe. São materiais gráficos, ensaios com amigos, as roupas que vendemos, o nosso espaço, enfim, tudo o que envolve nosso dia a dia acaba inspirando conteúdo.

    E para este ano, está planejando alguma novidade?

    Sim! Voltarei com produtos para casa, objetos, utilitários com foco no design brasileiro de várias regiões, tudo preto e branco, claro. A partir deste ano também vamos começar a numerar as coleções. A N1 tem tricoline com shape mais solto. Depois tem a 2 de linho, e por aí vai. E a Pair também se lançará como marca própria muito em breve, sempre com a colaboração de algum designer. A primeira coleção será lançada em março com a colaboração do estilista Tom Martins.

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