Por que você escolheu o Museu da Imigração para mostrar o seu desfile?
Eu fui fazer uma visita porque o dono do café do museu é o mesmo que tem o Pedaço da Pizza na UMA da Vila Madalena. Ficamos malucos com o lugar porque tem muito a ver com o que vivemos nesse momento. Roberto e eu somos filhos de imigrantes e ficamos muito tocados com o museu. O Brasil é um país aberto que ainda está recebendo refugiados. Nesse meio tempo, meu amigo Jeová Rodrigues me apresentou a Emma Ferrer, que faz um trabalho com refugiados e levanta mesmo a bandeira da causa. E na UMA a gente não quer que uma ideia morra no desfile, então estamos ajudando a ONG Abraço Cultural que capacita imigrantes para serem professores de língua. Fizemos camisetas para vender com renda pra eles e vamos receber uma festa do Abraço Cultural na loja nessa quarta, a partir das 18h.
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Você já desfilou na Pinacoteca, trouxe bailarinos para a passarela, fez uma coleção em parceria com o Instituto Lygia Clark. Sua relação com a arte é muito forte. Você coleciona?
Todo mundo acha que eu tenho uma super coleção, mas eu tenho é uma coleção de patos de borracha (risos). Na verdade eu tenho sim algumas coisas, tenho arte que eu gosto. Tenho uma obra da Regina Silveira, do Sergio Dias, Tomie Ohtake.
Mas você também é muito amiga de alguns artistas que, por sua vez, consomem UMA.
Sou amiga das artistas porque tem a ver com a minha moda. Sou muito amiga da Jac Leiner, por exemplo… A gente acaba se completando. E eu gosto mesmo de arte. Olhar para a arte contemporânea é enxergar o futuro.
A arte inspira mais do que a moda?
Muito mais! A moda é muito a referência da referência, só que a referência tem que ser você, senão você se perde. A gente nem sabe se é inverno, verão, o que a marca vai desfilar… Estamos vivendo um coletivo individual.
Helmut Lang disse uma vez que se algo é bom, não tem que sair de moda a cada seis meses. Você concorda?
Concordo 100%. Quando eu comecei a UMA, fui muito criticada. As pessoas falavam que parecia showroom, havia uma falta de entendimento do que era o DNA da marca. Temos que saber muito bem quem somos. Eu faço o que a minha cliente gosta. Ela entra na loja e sabe o que vai encontrar.
Ao contrário da arte, ainda é possível criar algo realmente novo na moda?
Acho que em termos de vestimenta, as possibilidades se esgotaram. Mas o que ainda não foi feito muito é a coisa de reaproveitamento de tecidos. Tem muito trabalho para ser feito com matéria prima. Esse, acho que é um campo onde dá para revolucionar, há muita coisa para ser feita nesse sentido.