Talvez seja a sombra da morte de Alexander McQueen ou a nevasca que atingiu Nova York que complicaram os primeiros dias da semana de moda. Mas é impossível não perceber o clima nostálgico, de fim de festa mesmo, que paira sobre as tendas do Bryant Park.
Assim, a temporada de inverno 2010 desenrola uma trama que promete amarrar os próximos anos da moda americana. Essa é a última estação em que as grifes desfilam suas coleções no Bryant Park: a partir de setembro, o novo local eleito pela organização do evento será o Lincoln Center.
Em clima de despedida, as tendas que ainda resistem nesta semana carregam frases de importantes profissionais da área sinalizando não só os grandes momentos da NYFW, mas também a importância do evento para a moda americana.
Desde 1993, quando os desfiles passaram a se concentrar num só lugar, as tendas do Bryant Park se mostraram estrategicamente bem localizadas. Não só eram próximas dos escritórios e ateliês dos principais nomes da moda americana (Donna Karan, Oscar de La Renta e Carolina Herrera), como também eram o quintal de uma região conhecida como Garment District – onde se concentravam boa parte das lojas e fábricas de tecidos e aviamentos, ateliês de costura e modelagem.
Reunindo no mesmo evento alguns dos principais estilistas norteamericanos, as tendas funcionavam como verdadeira síntese de toda uma cadeia de produção responsável por consideráveis movimentações financeiras na economia do país.
Porém, inseguros com os rumos do mercado após uma das piores crises da história e ameaçados pela velocidade e baixo custo da produção made in China, toda essa rede se viu severamente ameaçada. Na última década, uma quantidade assustadora de tecelagens, ateliês e lojas de aviamento se viram forçados a fechar suas portas. Estilistas tiveram que cortar custos e se render aos fornecedores do outro lado do mundo.
Primeiro se foram os fornecedores e agora as tendas.
Evidenciando ainda mais o período de mudanças, já na temporada passada a marca de cosméticos MAC e os estúdio Milk lançaram o evento paralelo à Merdedes-Benz Fashion Week, com um modelo de negócio mais favorável aos novos estilistas e ao novo cenário econômico da moda global – e bem mais próximo do que temos no Brasil com o SPFW e Fashion Rio.
Com aluguéis de sala mais baratos, planos de incentivo às marcas e uma série de benefícios para os participantes do evento, a MAC & Milk se mostra muito mais atrativa para marcas jovens ou aquelas em busca de uma imagem mais fresh.
Sem uma série de pré-requisitos exigidos pela IMG (organizadora da Mercedes-Benz Fashion Week), a MAC & Milk se mostra muito mais aberta a novas ideias e experimentações tão necessárias para os dias de hoje.
Não é de se surpreender então que boa parte das marcas mais descoladas do line up da NYFW já tenham migrado para o novo evento .
De 25 marcas no verão 2010 para 32 agora no inverno 2010, a MAC & Milk se mostra em plena expansão. E segundo o diretor criativo dos estúdios Milk, Mazdack Rassi, os planos para a próxima temporada são ainda maiores: “Para próxima estação, a MAC & Milk gostaria de envolver todo o Meatpacking District através de eventos especiais abertos ao público”.
A equipe do portal FFW está em Nova York para acompanhar de perto os principais desfiles da semana de moda. Fiquem ligados!
Por Luigi Torre