Antonin Tron, jovem parisiense por trás da marca Atlein, serve como ótimo exemplo de como a experiência é importante para um estilista antes de abrir sua própria marca.
Ele desfilou sua coleção de Inverno 20 nesta manhã em Paris e é um dos nomes da nova geração para ficar de olho. Muito provavelmente, daqui alguns anos, ele pode ser nomeado diretor criativo de uma grande maison em busca de olhares frescos.
Vencedor do prêmio Andam 2018, Tron chamou atenção logo na sua primeira coleção pelo fato de construir um guarda roupa para o dia e para a noite usando apenas jersey, material que até hoje é o mais usado pelo designer. Seus contatos profissionais o levaram a conhecer uma fábrica familiar de jersey que apoiou o designer desde o início.
Porém, antes de chegar até aqui, ele trabalhou muito, adquirindo experiência e aprendendo técnicas com os melhores. Seu primeiro estágio foi com Raf Simons em 2008, após se formar pela Royal Academy of Fine Arts, na Antuérpia, meca do design de vanguarda e a escola que ficou famosa por abrigar os Antwerp 6. Depois, trabalhou no masculino da Louis Vuitton, no feminino da Givenchy e na Balenciaga, onde está até hoje como freelancer. Ele passou por Nicolas Ghesquière, Alexander Wang e Demna Gvasalia e é este seu trabalho que paga suas contas e o ajuda a financiar sua marca própria. “Demna tem um olhar bem moderno, mas eu aprendi com todos os designers. cada um deles me ensinou algo”, diz à V Magazine.
Toda sua experiência profissional se juntou às suas referências pessoais, como por exemplo, o surf. Antonin é surfista, pega onda na Indonésia ou no Sri Lanka e nos fins de semana viaja para o litoral francês. O surf aqui é bem mais que um hobby, é uma das forças motrizes de sua marca. Seu fascínio pelo mar acabou inspirando o nome da marca (Atlein, para o oceano Atlântico).
Em suas roupas, vemos recortes e detalhes que ele traz do surf e de uma vida ativa, com peças body-con que traduzem esse seu lado mais esportivo.”Construção restritiva é algo de outro século”, diz sobre a modelagem. Suas coleções sugerem uma vida em outros lugares, um lifestyle mais leve e aprazível, mas ainda assim com uma forte presença do aqui e agora na moda.
Apesar de já estar presente em grandes multimarcas como Neiman Marcus, Net a Porter e Matches, Antonin planeja um crescimento orgânico e mais lento para a marca que fundou há menos de três anos e que apresentava suas primeiras coleções em seu próprio apartamento.
E quase que ele não entra para a moda. Adolescente fascinado pela natureza e por subculturas – ele era gótico ; ) – ele não tinha muito interesse pelo assunto. “Eu cresci no auge do Galliano. A moda era incrível, mas não era a minha coisa”. Tudo mudou quando ele foi para Antuérpia visitar um amigo que estudava na Royal Academy of Fine Arts. De repente, viu a moda falando sobre juventude, música e outras coisas com as quais ele conseguia se relacionar. Ele se matriculou naquele ano e, para sua surpresa, foi aceito. Seu verdadeiro talento o chamou. É a vida em flow para o menino que queria ser surfista e estudar vulcões.