Pedro Lourenço lançou ontem a primeira coleção de sua nova marca, a Zilver. Nos últimos dias ele já vinha postando teasers em seu no Instagram e no domingo (16.08) a marca foi apresentada pela primeira vez em Londres, cidade onde Pedro reside e sede do novo negócio.
Esse hiatus de dois anos, iniciado após Pedro encerrar sua marca homônima, fez bem ao estilista, que começou a pensar e criar moda praticamente quando ainda era uma criança. Parece que ele nunca havia se dado o tempo necessário para pensar em uma marca sua com toda a complexidade que um negócio desse porte exige. A Zilver é a cara do Pedro, mas também de toda uma geração. Ela nasce já conectada com a linguagem atual: genderless, ambiental e economicamente sustentável. Fotos dos looks vêm acompanhadas de legendas que revelam não apenas o material de cada peça, mas também a origem do fornecedor, abrindo um diálogo transparente com seu consumidor e com a indústria.
O primeiro post do Instagram explica o ethos da grife: “Zilver é um mindset. Um que inicia uma conversa. O que estamos consumindo? Como estão produzindo? Qual é o nosso legado? Buscamos a solução, mesmo quando a resposta está longe. Evolução constante. Saber que fazer melhor é melhor que lutar pela perfeição. É um compromisso para melhorar a sustentabilidade na moda, a terceirização e a responsabilidade social. Um pedido de mudança. Uma compreensão das nossas limitações e das limitações do mundo”.
Para sua coleção de estreia, ele misturou várias referências, como astronautas dos anos 60, música rockabilly, uniformes de motocross, Ayrton Senna e Niemeyer.
Entre as peças, uma jaqueta feita em jeans reciclado, uma parka verde militar, tricôs, uma saia de couro com um corte lindo, que lembra uma jaqueta perfecto em sua construção e uma bolsa daquelas “must have” em formato de capacete feito em couro orgânico – ela foi inspirada pelos jovens parisienses cujos capacetes de bicicleta também fazem as vezes de porta chaves e carteiras. As roupas são desejáveis, fazem o acertado mix entre streetwear e high fashion e devem chegar ao mercado com um preço de marca média, um posicionamento intermediário entre marcas de luxo e as fast fashions.
Todas as fotos foram feitas pela dupla Pedro e Franklin Rutz.
Em Londres, a Zilver conta com o suporte da agência L52 Communications, que também atende a revista i-D e marcas como Loro Piano, Tomas Maier, Halpern e Esteban Cortazar. Eles se posicionam como “next generation communication” (comunicação para próxima geração) e parece o escritório certo para ajudar a Zilver atingir seus objetivos.
Com sua base fincada na Europa, a marca já nasce global e, para fazer parte do jogo, é necessário um equilíbrio complexo que inclui obviamente muito trabalho, mas também investimento e a mentalidade adequada para sobreviver em um mercado extremanente concorrido, em constante transformação e renovação. Pedro tem conhecimento técnico de sobra e que vem de longe (ele trocava suas férias escolares para trabalhar nos desfiles de seus pais), também é dono de uma estética apurada e viveu experiências variadas em algumas marcas: aos 12 anos virou estilista da Carlota Joakina, extinta segunda linha de sua mãe Gloria Coelho, teve sua própria grife e trabalhou como diretor criativo para a La Perla. Ao BoF, ele falou uma frase que define seu momento de uma maneira bem clara: “agora estou aprendendo a equilibrar maturidade e liberdade”.
Nossa entrevista com Pedro Lourenço será publicada em breve.