1. Gucci
Se a Gucci já é um desfile concorrido, a estreia de um estilista o torna ainda mais importante. Após a explosão na era Tom Ford, a marca estagnou em termos de estilo e vendas com o trabalho de Frida Gianini. Apesar de bem executado, após sua saída, o que fica em nossa memória? Pouca coisa. Doze anos mais tarde, a Gucci pode conquistar seu espaço de volta na pirâmide da moda com a estreia do – até então – desconhecido Alessandro Michele. Nomes como os de Riccardo Tisci e Joseph Altuzarra circularam antes do anúncio oficial. A surpresa, ou até mesmo uma decepção momentânea, foi compensada pela apresentação de Michele, que mudou em 360° o caminho da Gucci, com sua coleção de jovens mais excêntricos, idealistas e até ingênuos vindos dos anos 70. Não parecia o que a Gucci se tornou ao longo dos anos, mas logo mostrou-se como uma nova possibilidade para a marca, que carecia de uma mudança. Ao menos a porta abriu para um novo ar entrar. Vamos observar.
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2. Fendi
Foi uma das coleções mais especiais criadas por Karl Lagerfeld e Silvia Fendi Venturini. Normalmente, em um desfile de 51 looks, é natural que a gente pense: “não precisava desta e desta peça”, mas aqui todos parecem essenciais. Mais essencial ainda é o que eles comunicam como um grupo: proteção e conforto, com peças estruturadas como aventais de couro, novas armaduras, e os casacos mais lindos da estação, especialmente os oversized bem gordos, que pareciam edredons – sim, dá vontade de dormir com eles em um dia bem frio.
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3. Dior
Em menos de três anos como diretor criativo, o belga Raf Simons mostra que está se sentindo mais livre para criar para a histórica Dior. Desta vez, ele coloca pitadas mais fortes de dois ingredientes sem os quais a moda não vive: juventude e sexo. Mas não espere nada óbvio ou vulgar. Raf é dono de um extremo bom gosto e mesmo quando pesa a mão, o resultado é delicado. Ele trabalhou com uma estampa que chamou de “um novo camuflado”, o ponto alto da coleção e que tem seus melhores momentos nas peças de segunda pele. As calças são encurtadas e as saias alongadas; os casacões de tweed são para sonhar e as botas de látex finalizam o efeito OMG da apresentação. Tem seus momentos de pura elegância ou de pura estranheza e ainda assim mostra-se comercial e desejável. Como não amar…
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4. Céline
Drama e delicadeza. Duas palavras que contam bastante sobre a coleção de inverno criada por Phoebe Philo. Assim, a trilha segue essa mesma direção com a voz emocionante de Caetano cantando “Cucurrucucu Paloma”. Ela contou ao site Style.com que estava numa vibe mais latina e dramática. Claro que se trata da Céline, uma marca que, desde a entrada de Phoebe, tem trabalhado com adivinhações sobre os desejos da mulher contemporânea, que quer praticidade, conforto, qualidade e novidade. Então qualquer drama aqui é controlado e diluído em outra coisa que chama a atenção: um desejo de brincar, de ser mais infantil, como vemos nos pompons e nos desenhos feitos à mão de animais, inspirados em contos infantis. Adicione às peças já desejáveis da marca os ponchos deslocados. E sim, o desfile tem “aquelas” bolsas e “aqueles” sapatos que logo estarão em muitas fast fashion mundo afora.
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5. Altuzarra
O que esperar de um menino que já trabalhou com Marc Jacobs e Riccardo Tisci e na Proenza Schouler? Joseph Altuzarra tem se firmado com um dos grandes destaques da semana de Nova York e sua marca já tem algumas assinaturas, de cara reconhecíveis. Entre elas, as fendas que pontuam suas séries de saias lápis. Ele faz roupas para mulheres provocadoras e destemidas, mas que ao mesmo tempo mantêm certa frieza e distância. Nesta estação, as saias têm a companhia dos onipresentes casacos de pele e jaquetas com golas maxi. Vale ainda destacar os vestidos de noite do final do desfile, sem caretice nem excessos de romantismo, e a coleção de bolsas de primeira que Altuzarra conseguiu lançar graças ao investimento do grupo Kering.
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6. Prada
Apesar de ser uma unanimidade entre os insiders da moda, as coleções da Prada muitas vezes dividem opinião quando os juízes são o público em geral. De fato, Miuccia Prada não entrega nada na bandeja e exercita constantemente um questionamento sobre as fronteiras entre o bonito e o feito, ou o feio que é bonito. Mesmo nos looks em tons pastel, nada é muito doce. Ou melhor, é doce, mas carregado de uma perversidade que as mulheres da Prada sabem levar tão bem. Por exemplo, os muitos vestidos da coleção evocam a pergunta: feio ou bonito? Diferentes. O destaque mesmo desta vez fica por conta do jersey dublado que tem cara de neoprene e empresta uma estrutura mais rigorosa na construção das peças. Já os casacos e jaquetas, esses sim deixam menos dúvidas e encantam facilmente. Tudo arrematado com luvas de couro coloridas, docemente, perversamente Prada.
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7. Rick Owens
Rick é um dos raros estilistas que conseguem trabalhar sobre uma mesma estética com tanta força sem cair na cilada do déjà vu. As peças (vestidos, túnicas, aventais) vão até o chão em diferentes construções e drapeados, onde Owens demonstra mais força e expertise. Desta vez, com um desfile mostrado em uma casa recém-restaurada de Frank Lloyd Wright, ele trabalhou com paetês, que apareciam de forma tímida até cobrir uma parte grande dos últimos vestidos – aplicados geometricamente, claro. Rick nasceu na Califórnia, mas as imagens que cria não ecoam em nada a juventude saudável e ensolarada, e sim, mulheres de fina estampa, com um (bom) gosto específico, uma boa noção de contemporaneidade – e muito dinheiro no bolso.
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Não é um desfile fácil, mas as coleções da dupla Jack McCollough e Lazaro Hernandez sempre nos dão o que pensar. Desta vez a inspiração veio das obras da pintora de arte expressionista abstrata Helen Frankenthaler e do escultor minimalista Robert Morris. O local do desfile? A sede antiga do Whitney Museum, que caiu como uma luva para a marca, que não abre mão de experimentações e é adorada pelas mulheres que circulam no meio das artes. Os vestidos são midi, com recortes diferentes e até um momento “bondage” aparece no meio da coleção. O risco aqui está na execução técnica das peças, que misturam materiais, cortes, aplicações, sobreposições, uma confusão minimalista, se é que pode ser possível essa junção. E é sempre bom ver uma marca já bem posicionada tentando e se arriscando, procurando outras zonas que não as que os mantém confortáveis.
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9. Sacai
É de se esperar que a marca japonesa Sacai, ainda pouco conhecida por aqui, entre em listas das melhores coleções. A estilista Chitose Abe trabalhou por quase 10 anos na Comme des Garçons, onde aprendeu sobre construção, drapeados e silhuetas incomuns com a mestre Rei Kawakubo. A própria Sacai já tem um bom tempo de vida – foi fundada em 1998 – e a cada estação, fideliza mais e mais fãs. Karl Lagerfeld e Anna Wintour já a elogiaram publicamente. Para o inverno, Chitose trabalha com o vestuário masculino, fazendo um leve ajuste para o corpo feminino. Notem que os ombros são deslocados para baixo e os punhos escondem as mãos, como se as peças pertencessem a um homem, enquanto o restante da construção trabalha com as proporções do corpo da mulher. A Sacai é urbana e esportiva na medida certa para equilibrar um trabalho muito requintado de formas e texturas, ao mesmo tempo que tem uma pegada atraente para um público maior.
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10. Louis Vuitton
Nicolas Ghesquière, gênio da moda contemporânea, entrou na Louis Vuiton há um ano e com este desfile de inverno mostra que está mais à vontade para quebrar suas próprias barreiras. Se nas primeiras coleções ele focou em um trabalho rigoroso com o couro e uma silhueta robusta com perfume 70’s, agora ele olha para o futuro, que é onde sempre esteve. As peças são menos rígidas e misturam tecnologias e técnicas diferentes. A imagem mais futurista também aparece no styling e no casting. Óculos escuros, muito couro, tecidos tecnológicos metalizados, peles brancas e meninas carecas ou com o cabelo rosa (Fernanda Ly, sensação do desfile).
Há também peças automaticamente identificáveis e desejáveis pelo grande público da Vuitton, como um LBD, minissaias para todos os gostos ou um terno neutro e bem cortado. E as lindezas das bolsas mini trucks, ou bauzinhos, que Ghesquière lançou logo no início, equipadas com espaço para iPads e carregadores. O futuro é agora! A Louis Vuitton, afinal de contas, vive muito de conceito e sonho, mas também precisa vender.
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