Inspiração
Teias de aranha, caveiras, preto… Nada do que costumamos ver na Amapô, sempre vibrante e colorido. Mas a ideia era essa, fazer algo que não tinha nada a ver com a marca. “Só assim dá pra gente se divertir, né?”, brinca Carô Gold, uma das metades da Amapô. Entram em cena os amigos das estilistas, personagens que circulam no underground paulistano. É uma homenagem aos nossos amigos. Eles têm esse visual e quisemos fazer a nossa versão deles. Mas não conseguimos chegar nem aos pés da finesse, porque nós não somos finas, somos cafonas”, diz Carô. Esse é o humor peculiar da Amapô, escrachado e irônico. Mais referências vêm da pequena Safira, filha de 4 anos de Carô, que está num momento “terror”, curtindo morcegos, teias, etc. “Imagina fazer uma coleção de teias? Então fomos juntando as coisas mais óbvias que encontrávamos”. O lendário clube Massivo e a loja Boat também estão entre as inspirações.
+ Veja o desfile da Amapô Inverno 16
Pra vender e pra brincar
Bom, não dá pra falar da coleção da Amapô de uma maneira tradicional justamente por ser uma marca muito aberta à diversão, ao deboche, a piração criativa. A Amapô tem sua linha comercial, suas calças jeans são usadas e copiadas e no desfile apareceram ótimas calças em veludo colorido, com o corte empina bumbum que tornou a marca famosa. O desfile é mais um espetáculo que literalmente abre as cortinas para um universo mágico desvinculado de tendências ou regras. As regras estão dentro da cabeça delas e isso é ótimo. Carô e Pitty são livres. O que não significa, obviamente, que não há trabalho duro por trás de cada roupa; os tops de teia de aranha foram feitos à mão, muitas coisas estavam sendo costuradas e finalizadas manualmente no camarim, as cores usadas no veludo são especiais, e há o exercício de um pensamento estético que permeia a coleção. O destaque fica por conta dos looks de veludo coloridos, tanto no feminino quanto no masculino, os meninos como uma versão nova do Conde Drácula desmontado.
Casting
Entre os amigos que inspiraram a coleção, estão Marina Dias, a hostess Melissa Depeyre, o designer Christopher Alexander, o modelo Goan e as estilistas e artistas Carol e Isadora Krueger aka As Gêmeas, todos na passarela com exceção das gêmeas, que tinham compromisso nessa data. Cada vez que um entrava na passarela, era aplaudido pela primeira fila, especialmente pelos amigos das meninas, como o stylist e artista Mauricio Ianês e o estilista Dudu Bertholini. E o modelo com cara de Spock?
Baby boom
Carô teve uma bebezinha há pouco tempo, que estava presente no camarim. Carô se transformou em várias para cuidar do desfile, dar entrevistas à quem baixava lá de repente, tipo eu, e cuidar da pequena Âmbar. Outro bebê que circulava por ali é o Cosmo, filho da diretora Ana Flávia, também da turma da noite das antigas. Camarim com cara de casa de amigos.
Sapatos
O designer Fernando Pires faz os sapatos da Amapô. Um dia, há algum tempo, as meninas foram ao seu atelier ver uma exposição sobre seu trabalho e viram um sapato com um salto de carretel que adoraram. “Aquilo ficou na minha cabeça”, lembra Carô. E agora achou o momento certo pra usar. Todos os saltos são vintages, originais da coleção de Fernando.
Trilha romanticah
Nas palavras de Carô: “A gente vinha de uma pegada de trilha engraçada, teve axé, Michael Jackson, funk. Daí a trilha desse desfile era pra ser super pesada, mas vimos que não seria a pegada da Amapô. Então fizemos uma trilha com músicas românticas dos anos 70”. Entre elas, o clássico “Africa”, do Toto.
O grande final
Os desfiles da Amapô sempre levantam o público. E nada melhor do que encerrar uma semana de moda nesse clima. Nesta temporada, o último desfile coube à Pitty e Carô. Quais eram as expectativas das meninas? “Além de ter a preocupação natural de qualquer marca em relação ao desfile, nosso objetivo é divertir, fazer com que as pessoas saim nesse alto astral”, conta Carô. Check! Foram aplaudidas de pé, ovacionadas pelos amigos e fãs. Todo mundo foi pra casa feliz.
Release
Os releases da Amapô nunca explicam nada ao mesmo tempo em que dizem tudo, olha só:
Amapô Romantikah
Gótica, sonhadora, macabra, mal acabada. Mal humorada, sedenta, sangrenta, sangria desatada. Amarrada, humilhada, apaixonada, apaixonante dama vermelha da calada noite preta.
Sinistro príncipe. Aranha homem, morcego. Menino punk que brinca em minha teia. Me fere. Me sangra e depois me saboreia com sua mordida quente. Vem! Me acha! Me leva pra sua cova. Me cobre com seu corpo de veludo. Me guarda. Me mata.