LUCAS LEÃO
Um dos grandes destaques do evento, o designer carioca Lucas Leão apresentou sua coleção em formato presencial no dia 16/10 no STATE, em São Paulo. Logo na entrada, os convidados recebiam a mensagem que deveriam baixar o aplicativo Snapchat e um filtro, para ter a experiência completa do desfile. Ao apontar o celular, com o filtro para a passarela, uma grande estrutura de galhos surgia, por onde os modelos passavam e recebiam uma espécie de aura em volta de suas roupas, tudo digitalmente, através da lente de realidade aumentada criada pelo artista argentino Franco Palioff.
Mesmo sem o digital, as peças – só reveladas oficialmente agora com a transmissão do desfile – eram um show a parte. A coleção Erebus traz uma paleta de cores diversa, com destaque para as cores “digitais”, o verde, lavanda e azul; uma variedade de estampas e o adendo de plumas, miçangas e fios para dar novas formas e texturas às roupas. Com nós e costuras em pontos estratégicos, vestidos e casacos também adquirem silhuetas inusitadas e que lembram tecidos ou brinquedos infláveis em sua textura.
Confira a coleção completa apresentada na nossa aba de coleções, parte dela já está à venda no site da marca.
HAWKTHEMARY + SONNI
Moda digital não é, necessariamente sobre games e jogos virtuais mas sempre que são feitas, essas conexões são bem-vindas. Afinal, o mundo dos jogos digitais foi um dos primeiros e grandes precursores das evoluções das roupas digitais e dos metaversos. A dupla Hawkthemary + Sonni sabem disso e fazem questão de valorizar essas interseções na sua apresentação na Brazil Immersive Fashion Week.
Se marcas como Balenciaga apresentaram suas roupas físicas através de jogos virtuais, Hawkthemary + Sonni refletem artisticamente sobre a moda digital e os games, sem necessariamente a presença de uma roupa física ou comercializável, criando uma apresentação que se basta em si e cuja mensagem não é o de consumo de uma roupa, mas da própria tecnologia.
A apresentação começa com direito à escolha do look do personagem, tal qual uma Skin de jogos e se transforma em um jogo de dança, que vai dando bugs até a mensagem: “I’m sorry. You are now IRL” (Sinto muito, você está agora na vida real) aparecer na tela. A personagem então cai em um vórtex até uma simulação de uma metrópole, onde se dá o fim do filme.
HIST
Nascida ainda neste ano, a Hist já flerta com o mundo da moda digital desde seu primeiro editorial de estreia, que já contava com inserções gráficas nas fotos que simulavam cenários digitais. No filme apresentado na BRIFW, o H da marca, que também é o formato de bolsas e acessórios da Hist é ponto central de uma narrativa de suspense e quase terror.
As diversas aparições da Hist e da bolsa em um prédio, vistas através da câmeras de segurança são como se a marca fosse a própria aparição, possessão ou suspeita dessa história, que vem para contar e se aprofundar um pouco mais na história da coleção de estreia da marca, Paisagem.
ZEBRA STUDIO
Com as novas possibilidades do digital, devemos nos prender à simulacres do mundo real ou expandir as visualidades para além do que seria possível IRL? Para o Zebra Studio, pode se fazer ambos. A apresentação digital da marca na Brazil Immersive Fashion Week impressiona o refino e capacidade técnica do desfile, todo em 3D, na ambientação, nos avatares, roupas e acessórios.
A princípio, à medida que os modelos desfilam os quatro looks apresentados pela marca, a passarela vibra e se desmaterializa, como se fossem ondas sonoras. Ao final, a apresentação simula a gravação do desfile, como se realmente houvesse acontecido IRL, demonstrando a capacidade do Zebra Estúdio tanto de simular cenários e possibilidades reais com maestria, quando explorar as possibilidades do digital para além do possível. Para os admiradores dos looks digitais da Zebra, as roupas são exclusivamente digitais e ainda não são comercializadas.
STUDIO ACCI
O Studio Acci é um dos primeiros estúdios de moda digital e 3D criados no Brasil com o propósito de trazer inovação e novas experiências entre a moda e tecnologia no país. O coletivo apresenta a coleção Ínis, inspirada pelo momento de introversão trazido pela pandemia, mas também pelo ar de recomeço que vivemos hoje.
O projeto ÌNIS é o primeiro capítulo do Acciverso, como é chamado nosso espaço em realidade aumentada (Metaverso) onde o espectador pode navegar e conhecer um pouco mais todas as peças presentes nesse projeto Ìnis.
NOVE
A Nove, marca baseada em Belo Horizonte, do designer Athos Henrique não tem uma longa trajetória de experimentações no digital. O estilista, bastante “pé no chão” trabalha nos moldes tradicionais, mas abraçou a oportunidade e o convite da Brazil Immersive Fashion Week para se jogar no universo do digital e da modatech, e nos conta que além do desfile na semana de moda digital, podemos esperar novidades nesse sentido.
Para a BRIFW, o designer apresentou sua coleção 06, lançada recentemente e inspirada na obra de Sun-Ra, através de um vídeo 360º com a performance de três bailarinos.
ANGELO CASTRO
Baseado no Uruguai, Angelo Castro, fundador de sua marca homônima, é venezuelano e explora sua história na coleção e desfile em 3D apresentados na Brazil Immersive Fashion Week. As vivacidade e alegria do país banhado pelo mar caribenho é expressado na extravagância das peças de Angelo, quase festivas, e na paleta de cores diversificada e bastante chamativa.
Mas o artista também aborda pontos não tão felizes de sua história, que teve a imigração como um ponto marcante, a pandemia e a homossexualidade, um tema que aparece nas peças, desfiladas e apresentadas sem distinção de gênero nos modelos, que usam de vestidos a macacões e calças, e no vídeo, com gritos de “Marico!”. Momentos esse da coleção, em que as cores tão vivas das peças são sobrepostas por pesadas vestidos em preto, com diversas camadas e babados.
ANNAISS YUCRA
Natural do Peru, Annais Yucra aborda o cruzamento de cor e sua herança cultural em suas peças, com o objetivo de contar um pouco da história e dos costumes do país em suas coleções cheias de cor, que apresentam uma espécie de releitura contemporânea e ultra cool de alguns tradicionais e conhecidos vestes peruanos. O desfile na BRIFW foi feito em 3D, com modelos invisíveis, que desfilaram as peças da coleção já apresentada previamente por Annais.
CHAIN
A Chain é uma etiqueta de Buenos Aires, cujo fio condutor é a sustentabilidade. A marca produz com mão de obra e matéria primas locais, além de criar designs a base de plantas.
Para a Chain, sustentabilidade não é só sobre se dizer sustentável e cair nos clichês do greenwashing, mas gerar um equilíbrio produtivo entre a moda, o artesanato e as inovações digitais. Para o evento, a marca apresentou a coleção Abaxial, com número reduzido de peças, em grande maioria em tons crus de branco e creme e peças “remendadas” criadas a partir de upcycling.
UNUSUAL
Protagonizado por Aun Helden – que também palestrou no evento, sobre formas pós-humanas e o futuro dos nossos corpos – a Unusual se apresentou na BRIFW com um vídeo-performance. A marca, que preza pela sustentabilidade, apresenta peças criadas a partir de upcycling, técnicas manuais e transformação de materiais.
Na Unusual, os processos de transformação e do upcycling também são conceituais, à medida que a marca desconstrói as formas e a própria noção de vestuário em suas peças, criando não apenas roupas mas criações vestíveis e não vestíveis de arte.
NOUS ÉTUDIONS
A Nous se define como mais que uma marca, mas uma declaração de uma nova geração, que preza por sustentabilidade, roupas sem gênero e veganismo, três pilares importantes para a etiqueta argentina. A marca também é a única do país que já foi selecionada para o LVMH Prize, no ano passado.
As peças da Nous Étudions trazem um ar futurístico e trabalha volumes, silhuetas e formatos para criar peças que vestem a diversos corpos, sem gênero, mas que também conseguem fugir do óbvio em looks que parecem até infláveis.
Assista abaixo a todos os desfiles da Brazil Immersive Fashion Week: