Por quase 20 anos, o americano Zac Posen foi um dos estilistas mais celebrados de Nova York. Ele foi revelado quando tinha apenas 21 anos e seus vestidos foram usados por algumas das mulheres mais famosas do mundo (Natalie Portman, Claire Danes, Katie Holmes, Lena Dunha entre elas). Ao longo de sua carreira, Zac ganhou prêmios, recebeu investimentos, participou de reality shows e ganhou até um documentário sobre seu trabalho.
O doc não incluiu o capítulo mais recente dessa história, que é o encerramento de sua marca. Na sexta passada, o conselho de Posen havia “decidido interromper as operações comerciais e realizar uma disposição ordenada de seus ativos”, segundo reportou o New York Times. Os cerca de 60 funcionários da marca foram demitidos e o estilista agradeceu a sua equipe e a “todos aqueles que estão do meu lado e da marca” em um post no Instagram.
Posen faz parte de uma geração de designers que surgiu pós 11 de setembro, formada também por nomes como Derek Lam, Phillip Lim e Thakoon. Eles chegaram em uma onda necessária, uma busca por uma “nova” moda americana que pudesse comunicar que tempos mais otimistas viriam por aí. Na época, ainda praticava-se o sistema hoje defasado de vender através das multimarcas gigantes e aparecer nas revistas mensais, que eram os principais canais do consumidor que queria se informar sobre moda. Uma página na Vogue ou a celebridade certa usando sua roupa em um tapete vermelho parecia bastar para construir um caminho de sucesso.
Mas hoje isso não basta. Uma nova linguagem surgiu a, a duras penas, marcas que nasceram no início dos anos 2000 e antes, estão tentando implementá-la ao seu vocabulário.
É uma pena ver um jovem estilista que estudou na Parsons e na Central Saint Martins, que chamou atenção antes mesmo de sua graduação, que recebeu investimento de Sean Combs, que arrasava nos tapetes vermelhos e que, por um tempo, virou sinônimo de estilista jovem bem sucedido no mundo, ter que fechar sua marca aos 39 anos. Afinal, foram anos e anos de investimento de tempo, esforço, dinheiro e talento.
Mas também é um momento em que novas vozes também podem ser ouvidas e pessoas que não necessariamente estudaram em universidades famosas também podem se tornar vozes de sua geração. Como bem escreveu Vanessa Friedman, “os contos de fadas de hoje se concentram em startups não tradicionais, voltadas para um sistema de valores diferente (também um sistema comercial diferente). Eles se referem menos ao escapismo, ao glamour e aos agentes do poder da antiguidade, e mais à urgência das questões contemporâneas. Eles são construídos sobre um tipo diferente de comunidade e política de identidade”.
Sem dar muitos detalhes, o estilista disse que vai voltar.