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    Qual o segredo do sucesso atual por trás da centenária Carhartt?

    Em um momento em que a moda está obcecada pelo workwear, nada mais natural que a marca entre no radar até daqueles que nunca ouviram falar nela.

    a modelo kaia gerber de jaqueta carhartt

    Qual o segredo do sucesso atual por trás da centenária Carhartt?

    Em um momento em que a moda está obcecada pelo workwear, nada mais natural que a marca entre no radar até daqueles que nunca ouviram falar nela.

    POR Vinicius Alencar

    junya watanabe x carhartt

    Você deve já ter se deparado com algum boné, camiseta, jorts (bermuda jeans) ou macacão com um logo bold e um pouco groovy na cor laranja vibrante. Ele é da norte-americana Carhartt que, apesar de parecer para alguns apenas o hype da vez, existe desde 1889 (!). Em um momento em que a moda está obcecada pelo workwear, nada mais natural que a marca entre no radar até daqueles que nunca ouviram falar nela. 

    Hype x Legado

    Em um momento em que a moda está obcecada pelo workwear, nada mais natural que a marca entre no radar até daqueles que nunca ouviram falar nela. Claro, há um desejo de ambas as partes de estarem cada vez mais próximas, afinal a centenária marca pensada para uniformes de trabalhadores braçais fez colaborações com Junya Watanabe, Sacai, Salomon e até com a Marni. O que todas essas collabs têm em comum? Se tornaram objetos de colecionador, em edições ultra limitadas. 

    A$AP Rocky com colete Carhartt

    Essência

    E o que mais chama atenção é que a marca não parece se deslumbrar ou perder sua essência, um rápido scroll em seu perfil para notarmos que o DNA continua todo ali. Roupas sendo tratadas como uniformes e idealizados para uma classe trabalhadora. 

    Qualidade desde o dia 1

    No site mensagens e slogans bem comerciais revelam esse lado ultra tradicional, onde podemos ler “qualidade desde o dia 1”. Em um mercado repleto de ações de marketing, estratégias com celebridades e influencers, a Carhartt vai por um caminho quase inverso – o que não significa que estrelas do hip hop e celebridades, de Ye a Rihanna não sejam fotografados vez ou outra com as peças da marca despretensiosamente. 

    Carhartt x Carhartt Wip

    O intuito é claro, a Carhartt não é uma marca de moda e nem deseja ser, então quando, por exemplo, a Fendi desfila a sua versão deluxe de workwear não vê a marca como uma concorrente direta, por mais que a inspiração possivelmente tenha vindo dali – afinal basta um rápido olhar pelas ruas da Europa para ver jovens usando todas as peças e lotando as lojas da marca, especialmente na França e Itália. Vale destacar que a linha Wip (de Work In Progress) criada em 1989 , baseada no streetwear e que recentemente recuperou o logo de coração vintage da Carhartt, é quem entrega a uma estética mais urbana (e mais cara) da marca. 

    Processo criativo in loco

    O mais curioso é que o designers da Carhartt não estão em ateliês ou algo do tipo, mas visitando parques eólicos ou locais em que há diferentes tipos de extração, escavações ou outros ofícios ao ar livre – são desses ambientes que até hoje eles buscam inspiração e aperfeiçoamento. Em entrevista ao The New York Times, o vice-presidente de marketing, Janet Ries, disse: “vemos essa observação quase como assistir a um treino que, ao invés de ter a duração de 45 minutos, é uma jornada de 10 horas”. Eles [designers] ainda observam de perto a rotina de fazendeiros, eletricistas, encanadores, marceneiros e, ao desenvolverem ou aperfeiçoarem as peças, as entregam para os profissionais em troca de feedbacks reais. 

    Números impressionantes e desejos acessíveis

    Atualmente, a maioria das roupas da Carhartt é feita no México, mas a etiqueta que se vê mais como empresa do que marca, ainda produz algumas roupas nos EUA em suas fábricas localizadas em Kentucky e Tennessee. Discretos quanto ao seu faturamento, o último deles, divulgado em 2020, afirmava que haviam gerado mais de 1 bilhão de dólares em receita. Um dos “responsáveis” por esse sucesso? O gorro de US$ 20 dólares, com 4 milhões de unidades vendidas por ano. Tudo isso com campanhas de nicho, colaborações ultra limitadas e os principais canais ilesos de qualquer fórmula tendenciosa. Para se usar um ditado tão tradicional quanto a Carhartt, basta lembrarmos do bom e velho “não se mexe em time que está ganhando”. 

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