Lily Donaldson, Lindsey Wixson, Cara Delevingne, Alice Dellal e Karlie Kloss em fotografia publicada no Instagram de Delevingne ©Reprodução
Primeiro Twiggy, Jean e Veruschka. Depois Christy, Cindy, Claudia, Eva, Helena, Linda, Kate e Naomi. Logo em seguida, Gisele, Daria, Natalia, Raquel e Karen. Hoje, Lara, Freja, Anja, Joan, Abbey e Natasha. Mas quem serão as supermodelos de amanhã? Após Cara Delevingne publicar em seu Instagram uma fotografia sua ao lado de Lily Donaldson, Lindsey Wixson, Alice Dellal e Karlie Kloss, o jornal britânico “The Telegraph” levantou um questionamento similar: serão essas jovens garotas as próximas a ficarem conhecidas apenas por seu primeiro nome, prova máxima da elevação de uma modelo ao patamar de ícone?
Cara Delevingne, irmã de Poppy Delevingne, é uma britânica de 19 anos nascida em uma família abastada de Londres. Impulsionada à fama graças às campanhas publicitárias da Burberry, a modelo, ainda considerada recém-chegada na indústria, já emplacou desfiles para grandes marcas como Stella McCartney e Dolce & Gabbana, além de uma participação no novo filme de Joe Wright, “Anna Karenina”, protagonizado por Keira Knightley e Jude Law. Já Lindsey Wixson, americana do Kansas, tem apenas 18 anos, mas possui um currículo de dar inveja a qualquer veterana: de publicidade para a Alexander McQueen, Miu Miu e John Galliano à primeira capa da revista do “Style”, Lindsey conquistou a todos com seus dentes superiores separados.
Alice Dellal em campanha da Chanel ©Karl Lagerfeld/Reprodução
Alice Dellal, por sua vez, é bastante conhecida do público nacional. Com visual excêntrico e atitude rebelde, a herdeira, filha da ex-modelo brasileira Andrea Dellal e do magnata britânico Guy Dellal, é a nova favorita de Karl Lagerfeld e, além das campanhas fotografadas para a marca francesa, pode ser vista no anúncio de Primavera/Verão 2012 da Marc by Marc Jacobs. Enquanto isso, Lily Donaldson, também do Reino Unido, pode ser considerada veterana se comparada às outras. Com 25 anos, Lily foi descoberta em 2003 e em 2007 figurou a capa da “Vogue” americana, que a incluiu entre as “futuras supermodelos internacionais”, ao lado de Carol Trentini, Coco Rocha, Sasha Pivovarova, Agyness Deyn e Raquel Zimmermann.
À exceção de Lily, Karlie Kloss é, aos 19 anos, a mais bem-sucedida do grupo – e talvez da safra de modelos que começou a trabalhar mais ativamente nos últimos três anos. A americana, nascida em Chicago, é a atual número três no ranking do prestigiado site “Models.com”. É quase que impossível citar todas as marcas que já convocaram Karlie para suas campanhas publicitárias (mencionar Christian Dior, Jean Paul Gaultier, Elie Saab e Oscar de la Renta já parece o suficiente); basta dizer que a “Vogue” italiana elevou a americana ao posto de “O corpo” de sua geração.
Karlie Kloss nas capas da “W” de julho/2012 e da “Vogue” italiana de dez/2011 ©Steven Meisel/Reprodução
Apesar das cinco modelos representarem pouco a abrangência estética que a moda necessita, elas constituem um grupo admirável. O “Telegraph” lembra ainda Arizona Muse, que não está na foto, mas é um dos grandes nomes dos últimos dois anos – e número cinco no “Models.com”. No entanto, com os novos rumos do mercado e o crescimento econômico de países antes considerados emergentes, como Brasil, China e Índia, a indústria tem abraçado padrões até então negligenciados. Como falar de supermodelos da próxima década sem mencionar a chinesa Liu Wen ou a porto-riquenha Joan Smalls? Liu converteu-se na primeira asiática a aparecer em uma campanha da marca de cosméticos Estée Lauder, enquanto Joan foi apenas a segunda negra (precedida apenas pela etíope Liya Kebede).
Joan Smalls, Constance Jablonski e Liu Wen em anúncio da Estée Lauder ©Reprodução
Obviamente, a mudança acontece de forma lenta, e conforme já dito, por motivos financeiros. “Quando a China se abriu comercialmente e as companhias de cosméticos se instalaram, os consumidores desejavam marcas ocidentais porque elas eram associadas ao sucesso e à aspiração. Mas, nestes últimos anos, eles [os clientes] começaram a se preocupar com o local; querem marcas como Estée Lauder ou L’Oréal, mas também querem que elas [as marcas] tenham um apelo chinês que as distinga”, afirmou o professor da Harvard Business School Geoffrey Jones ao “The Guardian”, em matéria publicada em julho de 2011. Nos anos 1990, Naomi Campbell era uma exceção. Hoje, já é possível que mulheres de todos os continentes encontrem alguém para se identificar. E como conceber supermodelos em uma era de total globalização sem essa vastidão de biótipos?
Felizmente, é perceptível que as representantes desta “nova” beleza têm consciência do que simbolizam. Em entrevista à edição de julho (de 2012) da revista “W”, Joan Smalls afirmou: “Eu tenho algo a provar. Sei que estou representando um grupo – negro, latino, seja qual for o grupo que você queira me encaixar – e quero mostrar que elas [as integrantes desses grupos] são bonitas do jeito que são. Acho que é realmente importante que a nossa juventude veja. A moda faz parte da nossa cultura, e é mais que apenas lindos vestidos”.