Rick Owens desfilou seu Inverno 2016 masculino nesta quinta-feira (22.01) durante a semana de moda de Paris. Intitulada “Sphinx” (esfinge, em inglês), a coleção começou com uma série de casacos militares e túnicas, estruturas que, a cada modelo que entrava na passarela, apareciam desconstruídas e reconstruídas de novas formas, resultando em jogos de proporções e peças inusitadas. Parece tão Rick Owens que chega a ser previsível? Onde está o algo mais característico do estilista?
A desconstrução das peças envolvia remontar os casacos com as golas de cabeça para baixo, num quebra-cabeça que algumas vezes resultava em fendas frontais que deixavam ligeiramente à mostra os pênis de alguns modelos, que chegavam a ficar completamente visíveis com o caminhar. Rick Owens foi fiel ao conceito da coleção e não se preocupou em esconder nada — ou talvez tenha se preocupado em deixar tudo à mostra, já que os looks em questão não incluíam cuecas.
A repercussão no Instagram não foi instantânea, talvez na mesma proporção da sutileza da nudez. A blogueira Susie Bubble, que estava no desfile pela Dazed, disse que era difícil de perceber. “Eu honestamente não vi até que alguém apontou para os prepúcios e para as fendas na parte de baixo.” Thomas Gorton, autor do texto da Dazed, escreveu: “Numa época em que sexo e censura estão na mente de todos, Rick Owens, o rei da estranheza na moda, entrou em território inexplorado: a nudez masculina”.
Laia Garcia, do Yahoo Style, questionou se todo o debate sobre feminismo e igualdade nas passarelas e fora delas não teriam afetado também os homens. “As modelos são muitas vezes forçadas a revelar tudo quando andam pela passarela, por isso, por um lado é justo que os homens também tenham a chance de ficarem nus. É comum dizer que a nudez frontal masculina é a fronteira final da igualdade — nos filmes, na televisão e, sim, até mesmo na moda.” Em última instância, ela analisa que a nudez do desfile faz muito sentido no processo de Owens e que era só uma questão de tempo para que ele chegasse nesse ponto, “colocando o falo no centro e na frente, mas o emoldurando com dobras macias de tecido”. “É uma tentativa sutil de quebrar as barreiras finais das formas aceitáveis de se cobrir e de mostrar o corpo masculino.”
Como lembrou a Dazed, nós já tivemos o #freethenipple; teria chegado então a hora do #freethepeen?