Nova dupla em cena
Foi a primeira coleção após a saída repentina de Raf Simons. Da última vez que isso aconteceu, quando Galliano foi demitido da marca, as costureiras do ateliê de Alta-Costura entraram ao final do desfile, todos com seus jalecos brancos de trabalho, para agradecer e receber os aplausos. Desta vez, também era sabido que o atelier daria continuidade ao trabalho, mas ao final da apresentação, uma dupla desconhecida entra em cena em vez da esquipe do ateliê. Eles são Serge Ruffieux, 41, e Lucie Meier, 33, ambos suíços e com bastante tempo de casa. Serge entrou em 2008, no período Galliano e virou designer chefe quando Simons assumiu. Lucie passou cinco anos com Marc Jacobs na Louis Vuitton, mais um tempo com Ghesquière na Balenciaga e chegou na Dior através de um head hunter. Os dois têm bastante experiência para assumir uma marca de luxo, resta saber se de fato serão eles que levarão a Dior a partir de agora, seguindo uma tendência que deu muito certo na Valentino e na Gucci, de promover talentos de dentro da maison.
Locação
O desfile aconteceu no museu Rodin e teve uma daquelas cenografias espetaculares que só vemos em Paris. O super cenógrafo Alex de Betak montou uma instalação nos jardins do museu, mais precisamente uma estrutura gigante de espelhos. Tanto do lado de dentro quanto do de fora, convidados e modelos são infinitamente refletidos em todos os ângulos.
Coleção divide opiniões
A coleção dividiu opiniões como poucas. Não teve gente em cima do muro: as palavras usadas para descrever vão de horrível a brilhante. Claro que é uma situação incomum e delicada, e o público – seja comprador, editor, crítico, cliente – sabe que não dá para exigir que seja o melhor desfile da marca, ao contrário. Se ele deixar a desejar, há uma boa desculpa que o justifique. E foi o que aconteceu. A primeira coisa a fazer numa situação como esta é olhar pro DNA da grife, estabelecido pelo próprio Christian Dior. E a silhueta, o New Look no caso, é seu código mais forte. Portanto, ela estava lá em vestidos e trenchs volumosos, as jaquetas Bar, com a cintura bem marcada, ombros arredondados e ainda estampas florais. Uma delicadeza eram os lucky charms que decoravam diversas peças. O sr. Dior era muito supersticioso, mas aqui pode ser apenas um desejo por boa sorte em uma coleção criada e produzida sob enorme pressão. Há um bom trabalho nos ombros, que aparecem em evidência, deslocados ou completamente expostos. Os estilistas equilibram o lado tradicional e histórico da Dior com o espírito moderno que veio com Raf Simons, que percebemos nos looks de renda transparentes e decotados e no trabalho de sobreposições, mesmo que estranhas.
Coolest girls on the block
O casting reuniu modelos descoladas, que passam por um bom momento da carreira, cheio de hype, mas ainda assim não são estrelas óbvias. Elas não roubam o show, ao contrário, emprestam seu fator cool para enriquecê-lo. Entre elas Mica Arganaraz, Lineisy Montero, Binx Walton, Molly Bair, Lia Pavlova, Marjan Jonkman, Greta Varlese, que está fazendo tudo, e Polina Oganicheva, revelada na Gucci e também em ótimo momento.
Make
O maquiador Peter Philips, que ficou famoso na Chanel e agora é o maquiador oficial da Dior, optou por uma beleza limpa e com batons em tons nude que eram contrastados por alguns looks com batom bem vermelho e matte. Para quem quiser, ele é da linha Diorific e chama-se Fabuleuse 750.