Que rufem os tambores: Regina Guerreiro lançou uma websérie! O trabalho é em parceria com a Cavalera. A expectativa é grande, já que Regina, uma das maiores editoras de moda do país, está há alguns anos longe dos holofotes. O FFW bateu um papo rápido com ela por telefone no fim da tarde desta segunda-feira (18.08); confira a entrevista no fim deste texto.
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A ideia da websérie “Enjoy!” surgiu em uma conversa casual com Alberto Hiar, proprietário e diretor criativo da Cavalera, que gostou tanto das histórias dela que achou que valia a pena transformar o bate-papo em vídeo. Ela topou. A série se passa na casa de Regina, que fala sobre tudo, de moda a comportamento, passando por cinema e artes.
O coquetel de lançamento aconteceu nesta terça-feira (19.08) em evento para convidados na loja da marca na Oscar Freire, em São Paulo. O primeiro episódio da série, “A bolsa e a vida”, já está no ar — estão programados quatro capítulos, mas Regina acabou revelando ao “FFW” que já gravou oito.
+ Assista ao episódio “A bolsa e a vida”:
A ação da Cavalera com Regina Guerreiro não é isolada. Há vários projetos semelhantes em curso. Um dos mais bem-sucedidos é “Costanza&Marilu”, um “sofa chat show” com a empresária e consultora Costanza Pascolato e a artista plástica Marilu Beer, ambas de 74 anos. As duas amigas têm um tema para seguir mas, em suma, o programa deu certo porque elas jogam conversa fora e lançam várias pérolas durante o bate-papo.
+ Leia matéria sobre “Costanza&Marilu”
Nesta quinta-feira (21.08) também será lançada a websérie da campanha “Amo Moda Amo Brasil”, resultado da parceria entre a Iguatemi Empresa de Shopping Centers e Paulo Borges, CEO da Luminosidade e criador do São Paulo Fashion Week (SPFW). A websérie terá quatro capítulos, e os demais serão lançados nas quintas-feiras seguintes.
+ Saiba mais sobre a websérie da campanha “Amo Moda Amo Brasil”
As webséries têm surgido como uma nova forma de produzir conteúdo em tempos de internet. Programas bem-sucedidos, como o Porta dos Fundos, fizeram muita gente olhar para a produção de vídeos online com outros olhos, e os resultados disso ainda serão percebidos nos próximos anos.
Voltando a Regina Guerreiro, esta não é a primeira vez que ela trabalha com a Cavalera. Para a temporada Verão 2013, a marca recriou a Santa Ceia, mas com personalidades brasileiras, para a campanha intitulada “Salvador Rocks”. Em referência à pintura A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, estão nomes como Julia Petit, Fernanda Young, Sidney Magal, Pitty, Facundo Guerra e Emicida. Regina é uma das pessoas sentadas ao centro. E já que agora ela vai ser o centro das atenções mesmo, o mínimo que se espera é que seja engraçado, polêmico e ela fale muitas verdades — como sempre fez.
+ Leia o bate-papo com Regina Guerreiro:
A senhora estava há um tempo sem aparecer, não é?
Saí do ar porque quis. Passei quatro anos não indo a eventos, não falando sobre moda. Foram quatro anos para fazer um balanço da vida.
Por que resolveu voltar em um projeto com uma marca que une vídeo e internet?
No Uol, eu já tinha tido uma experiência de blog, que era muito legal, mas eu não estava recebendo nada. Eu cansei de trabalhar de graça. Aí, um dia estava conversando com o Alberto Hiar, contando a história do Louis Vuitton, que aprendeu a ler com 29 anos. Ele gostou do jeito que eu falo, e surgiu a ideia de fazer os vídeos. Aí ficou fácil: eu escrevo, decoro e gravo.
Como é o trabalho de pesquisa para fazer os vídeos?
Eu nem tenho que sair de casa. Foi muito bom. Eu estava longe da vida real, e isso me obrigou a entrar na internet, a pesquisar nos meus livros. Tenho só cinco, seis minutos para te seduzir, então falo sobre várias coisas. Por exemplo, tem um programa sobre comida, comidinhas e comidonas, mas sempre entra a moda. A moda permeia tudo sempre.
Como foram as gravações, que são aí na sua casa?
Foi simples. Eu trabalho com duas pessoas. Uma é o câmera, e a outra edita. É mais ou menos como fazer uma revista, só que em vez de virar a página da direita para a esquerda, tá uma coisa em cima da outra.
A senhora assistiu a outros programas semelhantes na internet antes de fazer o seu?
Não, eu não olhei outros. Sou uma pessoa mais do papel. Tenho muita cultura, tenho os meus livros, viajo muito e conheço muito. E acho que os programas da internet são mais ‘use isso, faça aquilo’, e eu não falo para as pessoas o que elas têm que fazer. Eu conto histórias; quero encantar vocês. Sou muito arredia com a internet. Não tenho esse hábito. Você fica meio escrava disso. A gente tem tão pouco tempo para ler, para se informar, que eu fico meio arredia.
Agora que a senhora fez esse trabalho, que é totalmente voltado para a internet, já pensa em fazer outras coisas, tem outros projetos?
Eu vou gostar muito de fazer, mas agora estou bem ocupada. São quatro dias da minha semana que estão cheios por causa desse trabalho. Mas estou aberta a novidades. Até porque eu acho que a revista está em declínio. Hoje em dia as pessoas veem mais, são mais visuais. Por isso, o programa também é mais visual. Enquanto eu falo, aparecem fotos, trechos de filmes. Esses projetos para a internet a gente não precisa sair de casa; faz tudo pelo computador. Não me imagino saindo de casa todo o dia, indo para o jornal ou para a revista.
Como que a senhora enxerga toda essa mudança que aconteceu nos últimos anos no jornalismo, proporcionada pela internet?
Vejo com muito bons olhos. Só vejo com olhos duvidosos a informação rasa. É uma overdose de informação, e às vezes não são as [informações] mais corretas. Por exemplo, isso que aconteceu com os jornalistas que tiveram o perfil alterado na Wikipédia. Então, sempre é um risco se informar só pela internet. Outro risco é que a informação não é tão aprofundada, não é tão séria.
Websérie “Enjoy!”
“A bolsa e a vida”
“A moda é uma droga muito forte”
“Quem tem medo de usar chapéu?”
“Comidinhas e comidonas”
A partir de 20.08 no canal da Cavalera no YouTube