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    Viva o novo! Paula Raia inaugura sua primeira loja em São Paulo
    Viva o novo! Paula Raia inaugura sua primeira loja em São Paulo
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    A estilista Paula Raia, em seu novo espaço, no Itaim ©Juliana Knobel/FFW

    Paula Raia anda feliz da vida, em momento fase nova, vida nova. Ela recebe o FFW em seu novo espaço, no Itaim, inteira de laranja. Na cromoterapia, a cor é associada ao equilíbrio entre razão e paixão e também ligada à extroversão, charme, calor humano e sensualidade. Paula está poderosa mesmo, mas ela diz que a escolha da cor foi só porque o dia estava cinza.

    O encontro marcou a inauguração de sua primeira loja em etapa solo, pós-Raia de Goeye. Localizada no Itaim, a loja é uma experiência acolhedora: em tons claros, com prateleiras cheias de livros, poltronas aconchegantes, provadores amplos que abrem para o jardim e arzinho quente em todos os ambientes. É intimista e funcional.

    Lá funcionava o escritório do arquiteto Isay Weinfeld e já era uma locação-desejo para Paula. Um dia ela avisou o amigo: “Isay, quando você sair daqui, me avisa”. E esse dia chegou logo após a separação de Paula e a sócia Fernanda de Goeye. Ela estava em dúvida se continuaria ou não, se tirava um ano sabático, quando veio a ligação de Isay: “Paula, estou saindo”. Aquilo foi um sinal e logo a estilista colocou em prática o projeto de uma nova marca, desta vez só sua.

    Após seis meses em obras, a loja abre nessa segunda (22.08), com o olhar de Paula por trás de cada detalhe.  Sentamos no chão, tomando um café forte logo de manhã. Leia abaixo alguns trechos da conversa:

    lojapaularaia_008O pequeno jardim, que é visto de qualquer canto da loja ©Juliana Knobel/FFW

    TRABALHO SOCIAL

    “Tenho o Morango Para Todos, uma ação de capacitação de pessoas de baixa renda. Resolvi me juntar ao projeto Arrastão, que existe há mais de 40 anos, e montei uma pequena fábrica anexa à ONG. Criei um modelo de alpargata para eles desenvolverem para mim. Aluguei um espaço, pintei, comprei todas as máquinas e vou investir durante três meses, até eles aprenderem a fazer sozinhos. Depois eu viro uma cliente e a ideia é que eles consigam manter o espaço com trabalho. É ainda um projeto embrião, e os trabalhadores não são pessoas que sabem fazer sapatos, mas que têm habilidades manuais. De qualquer maneira é muito satisfatório quando vejo o produto pronto, eles também ficam motivados e felizes com as realizações”.

    PASSARELA

    “Fiquei super emocionada no meu desfile. Junto com a Escola Anacã, onde faço aulas de dança, fiz uma audição para conseguir 30 bailarinos para se apresentar lá no dia. Achei que quase ninguém iria ao teste porque eu estava oferecendo muito pouco, praticamente uma ajuda de custo, mas no dia havia 60 bailarinos. E eles não me contavam, mas depois descobri que estavam lá as dançarinas da Vanessa Camargo e um pessoal bacana do hip hop. Foram 15 ensaios e eu dançava em todos! Deu tanta luz ao desfile, são pessoas movidas à paixão, eles estavam lá pelo prazer de dançar”.

    VERÃO 2012

    “Não tinha uma ideia ou um conceito quando comecei a desenhar essa coleção. Essa história do hip hop aconteceu porque vi que muitas das peças pareciam masculinas, daí veio a ideia de fazer uma linha unissex, em que só mudo a numeração. É um exercício novo para mim, até mesmo para ver quem é esse homem que eu quero vestir. Hoje, na loja, tenho um mostruário grande e faço de tudo, do dia à festa. Tem acessório, lingeries, roupas casuais, para a noite. Quem vier aqui vai poder se vestir para qualquer ocasião”.

    lojapaularaia_013Sacolas feitas de material reciclado ©Juliana Knobel/FFW

    RECICLAGEM

    “Toda a parte de papelaria é reciclada e todo o material que a gente consome aqui é reciclado ou reciclável. A madeira é certificada, fiz claraboias para entrada de luz natural, de forma que só usamos luz no final do dia… Não sou xiita e às vezes uso plástico, mas é muito limitado. Hoje, nós temos obrigação de pensar e agir assim”.

    ENERGIA

    “Quando a gente começa a trabalhar com 20 anos, não tem muita noção. A gente vai colocando energia e crescendo desordenadamente. Agora, aos 34, estou muito mais madura. Penso no bem estar dos meus funcionários, que têm um impacto na energia da empresa. Dá um trabalho emocional e prático, tanto abrir algo novo quanto fechar. É difícil, mas vale a pena. Conversei com todo mundo, desde a senhorinha costureira até a equipe de criação, fizemos treinamento, tivemos um cuidado especial com isso porque eu quero que o meu funcionário seja feliz. Hoje tenho 40 pessoas trabalhando aqui, todos registrados. Ainda estou no começo, mas é um começo muito feliz”.

    lojapaularaia_010Prateleira com livros de moda, que logo deve virar uma pequena biblioteca com mais títulos de arte, design e arquitetura ©Juliana Knobel/FFW

    MULTIMARCAS

    “Antes eu tinha que comprar outros tecidos de pronta-entrega para poder produzir em tempo para as multimarcas, mas era algo que me dava um trabalho duplo, pois tinha que repilotar as peças e em um timing muito mais rápido. Hoje resolvi fazer diferente: escolhi as multimarcas com as quais eu tenho mais afinidade e elas vão fazer uma compra cega. Eu monto um mix em cima das coisas que vou produzir e elas compram em cima de números, não veem a cor, por exemplo. Criei linhas de valores diferentes, como a Desire, que é mais barata e não é tão eterna; a Super Editor, que é caríssima, e ainda a Editor, a Choice, a Luxury.  Mas isso a cliente nem percebe, serve apenas para funcionamento interno. Então tenho 16 modelos de calças que contemplam todas essas linhas, por exemplo. A cliente pede duas de uma, três de outra, de acordo com o que ela precisa para vender na loja. Produzi um lookbook especialmente para atender as multimarcas, com as roupas usadas da forma como eu imagino, o jeito de usar. Do mais barato ao mais caro, tenho peças que vão de R$ 200 a R$ 9 mil, no caso, um vestido todo rendado. O valor varia de acordo com os materiais usados e o trabalho que deu para ser feito”.

    RAIA DE GOEYE E A PSICOLOGIA

    “A Fernanda (de Goeye) e eu sempre falamos para a equipe: quando você abre algo com amor e energia, tem que saber finalizar. A gente conversou muito sobre esse fim, que teria que ser assim. Foi apenas o final de um ciclo, o que não significa que não tenha tido altos e baixos, mas agora acabou. Ficamos dez anos juntas e eu estava em um barco e ela em outro. Foi tudo tranquilo e eu ainda peguei a maioria dos funcionários para trabalhar comigo aqui. Agora, no espaço onde antes funcionava a loja da Raia de Goeye, fica a parte de produção, criação, administrativo e financeiro. Dei uma reformada para trazer energia nova e estamos em um momento muito feliz. Mas é difícil colocar isso em prática, temos que manter o equilíbrio, ficar com a cabeça boa, é um exercício diário. Foi uma época em que fiz uma terapia comigo mesma, entender o que eu queria levar, o que queria mudar…”.

    lojapaularaia_003A loja, que tem projeto de Isay Weinfeld ©Juliana Knobel/FFW

    ESTILO RAIA, ESTILO PAULA

    “A Raia de Goeye era uma troca legítima entre eu e a Fernanda. Eu tenho o meu DNA, ela tem o dela, mas ao trabalhar juntas, as coisas se tornam uma só. Por isso, nessa coleção eu resolvi limpar tudo, não chamei nenhum stylist para trabalhar, eu precisava entender o que era meu de fato. Sempre tive a preocupação de manter o meu DNA, quero ser legítima independente de parecer ou não a Raia. Mas eu consigo ver muita diferença entre as duas marcas, as minhas roupas agora estão muito mais limpas e esse é o lado bom de recomeçar: poder fazer o que você realmente quer, voltar às suas vontades, fazer o que realmente quer”.

    PRODUÇÃO

    “Compro grande parte dos tecidos fora do Brasil. Tento comprar aqui, mas é um problema. Não tem tanta variedade e quando tem, a encomenda mínima é gigante e eu não tenho condições de me adequar a isso. E quando compro, tenho problema. Recentemente tive que devolver uma matéria–prima que eu mandei tingir, pois vinha com fibras albinas, que não aceitavam a tinta. Daí ele não queria aceitar, pois o material já havia sido tingido… Mas como eu ia saber que tinha fios albinos no meio?”.

    Paula Raia

    R. André Fernandes, 175, Itaim

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