Por Jal Vieira
Há alguns anos os festivais de música ao redor do mundo têm dado o tom de tendências e movimentos culturais globais. Em 2005, surgiu, então, o festival de música Afropunk com a proposta de expressão musical e estética de protagonismo preto e que se tornou o maior festival de cultura negra no mundo. O que se vê no festival presencial é sempre uma pluralidade de expressões da cultura negra para além do imaginário comum e estereotipado. Também por isso, o evento tornou-se fundamental na disseminação dessas expressões e de pluralidades representativas da diáspora africana, por meio da música, da arte e da moda.
Para além de um festival, o Afropunk também é um movimento cultural onde, uma de suas origens, se dá a partir do documentário Afropunk, drigido por James Spooner. Até então, James nunca havia filmado qualquer produção. Porém, percebendo que era uma das poucas pessoas negras na cena punk de Manhattan, e que, essa problemática que sentia na pele também refletia em outras pessoas pretas, resolveu, então, registrar a cena em um filme produzido por ele e por alguns amigos.
O documentário que pode ser encontrado na internet, foi divulgado em 2003 de maneira independente e tem pouco mais de uma hora de duração, abordando questões identitárias e políticas em forma de um manifesto étnico-cultural audiovisual, onde retrata a trajetória de 4 personagens centrais. Além de entrevistar mais de 60 pessoas da cena punk norte americana.
Nesses 15 anos de festival com edições em Atlanta, Nova York, Paris, Londres e Johanesburgo, a novidade é que neste ano ocorrerá a edição brasileira do evento. A princípio, o que seria presencial precisou ser repaginado para o momento atual. Portanto, o festival ocorrerá de maneira virtual.
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“Senti uma conexão muito forte com a Bahia e as pessoas de lá, e então decidimos fazer em Salvador. E acho que faz sentido. O Rio tem o Rock in Rio, São Paulo tem o Lollapalooza, e Salvador terá o Afropunk” Matthew Morgan
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A edição 2020 acontecerá nos próximos dias 23, 24 e 25 de outubro e terá como cidade representante do Brasil, Salvador, na Bahia. Segundo o fundador do evento, Matthew Morgan, a escolha da cidade brasileira se deu porque, durante sua pesquisa, inúmeras pessoas diziam à Matthew que o evento deveria ocorrer em São Paulo ou Rio de Janeiro. Porém, o idealizador do queria que o festival fosse realizado no lugar com maior população negra no país. E sempre que perguntava isso, a resposta a que chegava era sempre a Bahia. Ao visitar as três cidades, Matthew decidiu que o evento tinha que acontecer na cidade baiana.
Dentre alguns dos nomes brasileiros no evento, estão Larissa Luz, Hiran, ATTOXXA, Majur e Afrocidade. Além disso, a produção de figurino conta com nomes como os de Pedro Batalha e Hisan Silva – designers à frente da marca Dendezeiro – e que assinam o styling do global stage – as principais atrações do evento.
O festival poderá ser acompanhado por meio da plataforma Planeta Afropunk. E é um dos mais aguardados do ano. Estamos ansioses por aqui. E vocês?
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